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Pode o investimento estrangeiro no futebol português ser uma porta de entrada para o match-fixing?

É necessário filtrar, quanto à “idoneidade e credibilidade” de quem quer investir em clubes nacionais, sob pena desse interesse ter uma segunda intenção: ganhar dinheiro com o match-fixing, ou outra prática ilícita.
  • Lize Boshoff
7 Março 2018, 07h00

O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, questionou na terça-feira, 6, as intenções do investimento estrangeiro feito em clubes portugueses, podendo isso evidenciar práticas ilícitas como viciação de resultados. Durante um debate sobre as complexidades dos resultados previamente combinados no mundo do futebol, as suas causas e consequências, promovido pela Universidade Europeia, Evangelista afirmou: “Para mim é estranho que venham da China fazer investimento. Porque é que não fazem isso no pais deles?”.

Na conferência “A (im) possibilidade do Match-Fixing no futebol”, que se realizou no Campus Lispolis, no âmbito das licenciaturas Ciências do Desporto e da Atividade Física e em Gestão do Desporto da Universidade Europeia, em Lisboa, Joaquim Evangelista colocou em dúvida a maioria do investimento estrangeiro, maioritáriamente proveniente da China, em clubes não só da I Liga, como da II Liga e Campeonato Nacional de Seniores.

O dirigente desportivo insistiu, por isso, na ideia de que é necessário filtrar, quanto à “idoneidade e credibilidade” de quem quer investir em clubes nacionais, sob pena desse interesse ter uma segunda intenção: ganhar dinheiro com o match-fixing, ou outra prática ilícita.

“Exijo aos organismos que criem regras”, afirmou, lembrando que há atividades “incompatíveis” com o futebol e a existência de “maus investidores que promovem más práticas”. Para o dirigente, casos como o de investidores estrangeiros que compraram clubes como Beira-Mar, Atlético ou Feirense, não podem ser admitidos, sem análise prévia.

Para o presidente do SJPF é “tolerância zero ao match-fixing”. Segundo Evangelista, é fundamental dar mais ferramentas aos dirigentes dos clubes com o intuito de diminuir o “match-fixing” em Portugal.

E o dirigente lembrou especificamente o caso de investidores chineses: “Faz sentido um investidor chinês apostar num clube da I ou II Liga? Um clube chinês vir apostar na formação ou criar um clube em Portugal sem conhecer a nossa realidade, a nossa cultura, as nossas vicissitudes. Sem ter ligações à comunidade é estranho”.

Por outro lado, Evangelista admite que “também há sinais positivos”, no investimento estrangeiro. “O mercado português, pelo que significa Portugal no plano internacional – somos campeões da Europa, há três equipas de primeiro plano com visibilidade enorme – tem muitos agentes que nos veem como uma oportunidade, não só na I Liga”.

No entanto, “os investidores estrangeiros normalmente investem para ganhar dinheiro” e , por isso, deve-se ter atenção a determinados cenários. “Um clube de formação ao nível dos 12, 13 ou 14 anos não tem essa função social” – de dar lucro -, exemplificou. “Esta ideia de que todos os miúdos de 12 anos têm de ter um valor de transferência é uma loucura. Eu não aceito isso. Não podemos olhar para eles como ativos logo aos 12 anos. Isso prejudica não só a evolução dos jovens como as futuras gerações de jogadores”.

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