O aquecimento global e as alterações climáticas são o problema do século e nenhuma parte da sociedade lhes consegue escapar. É inegável que os mercados financeiros têm um papel ativo na resolução deste problema.

Green Finance, segundo a ONU, é o aumento de fluxos financeiros dos setores público, privado e sem fins lucrativos para áreas que priorizem o desenvolvimento sustentável. Isto é, para além de gerar retornos económicos positivos procuram garantir externalidades positivas a nível ambiental e evitar danos ambientais/sociais.

Porque é que este mercado está a ganhar força e complexidade? A principal razão é a crescente importância do problema das alterações climáticas na discussão pública nos últimos anos, tendo em conta os recentes estudos e o acordo de Paris e a consciencialização por parte da sociedade deste grave problema, cujas consequências são danosas para o mundo como o conhecemos.

Quando o Citigroup e outros bancos impulsionaram a criação dos Equator Principles em 2003, procurando gerir o risco ambiental e social de investimentos em projetos, viu-se um passo positivo na responsabilização dos agentes financeiros pelo seu papel nas questões ambientais e sociais. Porém, esse passo revelou-se insuficiente com a polémica do gasoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan em 2004 que, segundo críticos, não respeitava as regras a que os bancos financiadores do projeto se propuseram.

Com o passar dos anos, grandes atores financeiros como o Fundo Soberano Norueguês (FSN) procuraram aprovar políticas no sentido de uma maior preocupação ambiental. Neste caso, o FSN tem a obrigatoriedade, desde 2015, de retirar a sua participação de empresas cuja atividade seja mais de 30% derivada do carvão.

Atualmente podemos encontrar no mercado uma oferta bastante diversificada de produtos financeiros que satisfaçam a vontade do investidor com consciência social. A BlackRock e a Vanguard, por exemplo, oferecem aos seus clientes a possibilidade de subscreverem ETF com preocupações ambientais. No entanto, uma vista de olhos a estes produtos diz-nos que na maioria dos casos englobam sobretudo obrigações do tesouro, produtos financeiros com um impacto ambiental quase nulo.

É óbvio que isto não é suficiente e que deverá haver um crescimento do tipo de produtos financeiros que tenham como propósito gerar retornos positivos em situações onde se promova sustentabilidade e externalidades positivas.

A realidade mostra-nos que a alternativa é o crescimento de Green Finance. O relatório Economia Verde de 2010 do PNUMA aponta para necessidades de financiamento em projetos de transição energética a rondar os 500 mil milhões de dólares, mais de duas vezes o valor do PIB português.

Há todo um mercado que permite a investidores responsáveis não só diversificarem o seu portefólio, como incentivar as empresas a comportamentos mais “verdes”. É difícil esquecer que em 2010 metade da capitalização bolsista da BP desapareceu após o desastre de Deepwater Horizon. Os custos com a inação são evidentemente maiores do que o investimento na mudança.