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Polémica da CGD “agita” Parlamento

Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto do Tesouro e das Finanças, disse, durante a discussão da polémica da CGD, que o deputado social-democrata Leitão Amaro estaria com uma “disfuncionalidade cognitiva temporária”. O comentário gerou grande – e sonora – contestação entre os deputados, que exigiram um pedido de desculpa.
25 Novembro 2016, 11h46

A polémica da Caixa Geral de Depósitos (CGD) chegou ao Plenário mesmo antes do início dos trabalhos de discussão na especialidade do Orçamento do Estado. Durante o período destinado à discussão das normas avocadas, o deputado João Galamba fez uso da palavra para acusar o PSD de tentar “lançar confusão, perturbar e tentar que corra tudo mal” no processo de recapitalização do banco público.

O deputado socialista referiu ainda que a comissão de inquérito anunciada pelo PSD não tem o propósito de procurar a verdade, mas que surge no seguimento de “uma historieta sem sentido” inventada pelo partido liderado por Pedro Passos Coelho. “Não existe seriedade no comportamento do PSD”, frisou Galamba, que descreveu o PSD como um “pequeno partido de guerrilha partidária” que quer “estragar para privatizar, como aliás fizeram com muitas outras áreas”.

O deputado do PSD Antonio Leitão Amaro devolveu as acusações ao PS: “É uma indignidade o que os senhores estão a fazer à CGD. Querem amordaçar as vossas asneiras.” O deputado social-democrata acusou o Governo de criar uma lei “à medida da exceção” e de ter permitido que António Domingues, então vice-presidente e acionista do BPI, “um banco concorrente da CGD”, representasse o Estado e recebesse “informação privilegiada”. “É tempo de pôr termo a estas asneiras e é tempo de António Costa deixar de se esconder”, defendeu Leitão Amaro.

Também o CDS corroborou a ideia de que o Governo “está a fugir à discussão” e que é ao próprio Executivo que “interessa toda esta polémica”, frisou o deputado João Pinho de Almeida. “Que de uma vez por todas se arrumem estes assuntos para discutir porque é que o Governo não consegue executar o que disse ser imprescindível”, rematou.

“O PSD e o CDS não têm problemas com o facto de administradores da esfera pública ganharem o equivalente a uma ou duas centenas de anos do salário médio de um trabalhador português. Não é assunto que o PSD leve a sério”, acusou o Bloco de Esquerda, pela voz de Mariana Mortágua.

A agitação no Plenário agravou-se quando Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto do Tesouro e das Finanças, respondeu a Leitão Amaro. Depois de classificar como um “desrespeito pelo Tribunal Constitucional” que as questões relacionadas com a administração da CGD fossem trazidas para o debate, Mourinho Félix lançou acusações de populismo e disse que o deputado social-democrata estaria com uma “disfuncionalidade cognitiva temporária”. O comentário do secretário de Estado gerou grande – e sonora – contestação entre os deputados, que exigiram um pedido de desculpa. Após alguns minutos de confusão, vários reparos do presidente da Assembleia da República – e até uma ameaça de suspensão da sessão –, o pedido de desculpa chegou e os ânimos acalmaram.

 

 

 

 

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