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“Ponto de viragem na historia da integração europeia”, diz Borrell. Europa vai fornecer armas à Ucrânia

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, deu a conhecer esta tarde a estratégia encontrada pelos ministros da Defesa do bloco europeu para ajudar a Ucrânia a enfrentar a ingerência militar ordenada por Vladimir Putin, através do financiamento e fornecimento de armas num total de cerca de 500 milhões de euros, uma decisão inédita que deixa cair um “tabu” no bloco europeu.
28 Fevereiro 2022, 16h23

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, deu a conhecer esta tarde a estratégia encontrada pelos ministros da Defesa do bloco europeu para ajudar a Ucrânia a enfrentar a ingerência militar ordenada por Vladimir Putin, através do financiamento e fornecimento de armas, numa decisão inédita que deixa cair um “tabu” no bloco europeu.

À margem da reunião que decorreu hoje em Bruxelas, o político espanhol não só assinalou o robustecimento de um “pacote de sanções sem precedentes” contra o Kremlin e contra os países que cooperam com as agressões militares à Ucrânia, aludindo à posição da Bielorrússia, como também a decisão de fornecer armas à Ucrânia, naquele que é um “ponto de viragem na história da integração europeia”.

“Atá à data, era considerado que a União Europeia era uma união para a paz, não era uma união militar, e nunca poderia fornecer armas a um terceiro país. Isso é o que vamos fazer agora. É mais um tabu que caiu” na UE, sublinhou.

Em causa está um acordo de fornecimento de armas que ascende a cerca de 450 milhões de euros, mais 50 milhões de euros para material não letal.

Em conferência de imprensa, Borrell explicou que o plano de fornecer armamento às forças ucranianas para defesa da sua integridade territorial foi feito em tempo recorde, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros na capital belga, na passada terça-feira, onde ficou claro que era preciso ir mais além nas medidas sancipreciso fazer mais além das

“Hoje os ministros da Defesa trabalharam muito na coordenação de esforços para que as iniciativas bilaterais sejam eficazes juntamente com o nosso financiamento. Estamos a criar uma câmara de compensação para acompanhar, por um lado, as necessidades dos ucranianos e, por outro lado, as ofertas dos nossos membros para assegurar uma máxima eficácia e coordenação do nosso apoio (…), em conjunto com a NATO”, continuou.

Borrell faz saber ainda que o apoio pedido pela Ucrânia abrange a inteligência geoespacial, pelo que o bloco está a mobilizar o Centro de Satélites, em Madrid, para dar resposta a essa necessidade.

“Em termos de mobilização de recursos está tudo a funcionar. Temos de ser rápidos porque a guerra continua e não pode esperar por processos burocráticos”, disse.

Borrell quis demarcar o país e a sua população de “Putin e do seu regime”, como as manifestações dos últimos dias em solo russo espelham: “Estamos certos que povo russo não quer esta guerra”, disse, sublinhando estar convicto de que uma das melhores formas de enfrentar o conflito passa por combater o dinheiro clandestino resultante da corrupção das pessoas que apoiam Putin.

Borrell menciona, nesse sentido, as “medidas tomadas ontem” que visam a oligarquia russa, assinalando o apoio fundamental dado pela Suíça para “combater a corrupção financeira e o dinheiro sujo dos oligarcas que apoiam Putin”, elegendo este tema como um dos próximos desafios a enfrentar pela União Europeia.

“Tudo isto mostra que conseguimos reagir rapidamente e com liderança”, comentou.

À semelhança do que tem vindo a ser defendido genericamente nos últimos anos, Borrell sublinha que a situação vivida atualmente reflete a necessidade de a “Europa despertar para esta dimensão de segurança e defesa”, numa estratégia de capacitação coordenada entre os Estados-membros: “Temos que gastar mais, mas também gastar melhor”.

Nas palavras do chefe da diplomacia europeia, a concertação das posições dos países da UE contra o Kremlin não visa somente apoiar a “Ucrânia e o povo ucraniano”, mas também a própria segurança do bloco e da estabilidade mundial: “Isto vai ter um preço, as sanções irão ter retaliações, terão um custo”, um cenário que deverá ser enfrentado com “determinação e realismo”.

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