Único português a integrar a European Leadership Network
Portugal passou a estar representado, por Ricardo Baptista Leite, na plataforma que discute e estuda soluções para algumas das mais prementes temáticas europeias.
A ELN é uma organização não partidária, sem fins lucrativos, com sede em Londres e registada no Reino Unido que, através de uma rede ativa de políticos, militares e líderes diplomáticos, trabalha na produção e divulgação de pesquisas e análises independentes. Atua enquanto plataforma de cooperação na construção de soluções cooperativas europeias para os desafios globais da atualidade, sejam eles relacionados com a não proliferação e desarmamento nucleares, com o apoio aos processos democráticos, com as alterações climáticas, com os desafios da saúde global ou os com as oportunidades das potências emergentes.
Esta rede existe desde 2011 e desde então tem desenvolvido muito trabalho, contando para tal com uma série de figuras de relevo no panorama internacional, como Jacques Delors, Javier Solana. Como lhe foi feito este convite?
A ELN tem, para além da sua rede de intervenientes, tipicamente ex-líderes e personalidades que assumiram papéis muito importantes à escala global, figuras como Javier Solana, membro da direção executiva. E foi o próprio presidente, Des Browne, antigo secretário da Defesa de Tony Blair, quem me convidou, pessoalmente. Estes antigos líderes juntamente com muitos políticos, ou não, procuram fazer aqui um balancear de experiência com a construção de uma ponte para o futuro. E na ENL existem personalidades que apesar de serem muito novas na política já têm um papel muito preponderante como é o caso da alta representante da União Europeia para os assuntos dos Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini. Quanto ao trabalho desenvolvido é, por um lado, de investigação, existindo para tal uma equipa constituída por investigadores contratados que trabalham diretamente para a rede. E por outro, de tomada de posição pública sobre matérias que se enquadrem na sua missão.
Muito recentemente, divulgámos posições muito fortes sobre a questão da Ucrânia e Rússia, e das negociações em curso. No que me toca, enquanto médico, no programa da saúde pública, acompanhei também a questão da crise do ébola e a perspetiva do impacto em termos de Defesa e Segurança, também para a Europa. E existem outras matérias, com destaque, naturalmente para a paz no Médio Oriente.
E como é ser o primeiro português a integrar a ELN?
Fruto do meu percurso ligado às matérias dos Negócios Estrangeiros, o presidente da ELN acabou por considerar que reunia o perfil para integrar a rede. Sendo certo que terá sido aliado ao facto de pertencer a um país com uma posição geoestratégica relevante, e aliado ainda ao facto de ter a base como médico e de saúde pública, para além do trabalho político, claro. Acabava por fugir ao padrão da maioria dos participantes, mais ligados à Segurança e Defesa. E a saúde pública tem, cada vez mais, um papel relevante na segurança mundial.
Que temas gostaria de ver debatidos e em quais particularmente dar o seu contributo?
Naturalmente a questão, que já começou a ser debatida no final do ano passado, do papel da segurança e dos serviços militares nas emergências de saúde pública é para mim muito relevante, e a questão do ébola trouxe-a para a ordem do dia. Mas existem outros temas fora deste universo. E o meu primeiro ato oficial foi a subscrição de uma declaração sobre o desarmamento nuclear, a qual viria a ser apresentada no Congresso Internacional de Viena. E este é um outro tema muito querido à rede. Na verdade, a quantidade de armas nucleares que existem no mundo constitui uma ameaça à nossa própria existência.
Para além deste exemplo, para mim é incontornável a questão da paz no Médio Oriente. E esta rede, naturalmente pelas personalidades que envolve, a médio prazo, revelará a sua abordagem.
Sónia Bexiga