Os últimos acontecimentos no PSD ditaram a decisão da Comissão Política de debater e votar uma moção de confiança à direção do partido num Conselho Nacional, órgão máximo da estrutura, marcado para hoje na cidade do Porto. Trata-se de um momento único na vida do PSD, um partido livre, plural e respeitador absoluto dos valores da liberdade e da democracia.

Eleito diretamente há pouco mais de um ano, num ato onde participaram mais de 22 mil militantes, o líder do PSD foi desafiado a demitir-se no âmbito de uma campanha de ataques pessoais levada a cabo na comunicação social e promovida por elementos que, em 2018, não estiveram disponíveis para se submeter ao escrutínio de milhares de social-democratas. Não obstante nada o obrigar a isso, Rui Rio pediu, com a coragem que o caracteriza, uma moção de confiança que será sancionada por 132 Conselheiros Nacionais, 70 eleitos em Congresso Nacional e por 62 militantes em representação de estruturas diretivas ou órgãos autónomos.

Interessa esclarecer que estas 62 inerências que integram o Conselho Nacional se referem a sete elementos da Mesa do Congresso, dez representantes da Juventude Social-Democrata, cinco representantes dos Trabalhadores Sociais-Democratas, cinco representantes dos Autarcas Sociais-Democratas, os 19 presidentes de distritais, quatro representantes das Comissões Políticas Regionais (dois dos Açores, dois da Madeira) e quatro representantes dos círculos eleitorais da emigração. A estes somam-se os militantes antigos Presidentes da Comissão Política Nacional.

Bem feitas as contas, serão 132 militantes a votar em representação de mais de meia centena de milhar de militantes ativos que o PSD tem. A responsabilidade sobre cada um dos Conselheiros é enorme.

E aqui reside um ponto que merece reflexão: apesar de metade dos Conselheiros serem eleitos em Congresso, a outra parte (também quase metade) representa as estruturas diretivas do PSD e a votação, a bem da transparência e da democracia, tem de ser conhecida, sob pena de se perpetuar um clima que em nada favorece o partido num ano decisivo para os portugueses.

E a votação ser não secreta, não devia mesmo ser o grande problema em que agora alguns querem centrar a discussão política. Senão vejamos como na Casa da Democracia, no Parlamento Nacional, se votam as moções de confiança aos governos, quando os próprios as solicitam? Já varias foram discutidas e votadas, e nenhuma, mesmo nenhuma foi por voto secreto dos deputados.

Não pode haver medo de assumir posições em matéria de confiança ou censura num partido democrático como o PSD, assim como na Assembleia da República, e como em tempos disse Francisco Sá Carneiro: “somos o que somos, não temos medo de parecer o que somos…”.

E ainda sobre as questões jurídicas à volta deste Conselho Nacional, também entendo que, se um qualquer militante (onde incluo Luís Montenegro) quiser inscrever-se como “observador” nesta reunião magna, e peça excecionalmente para intervir, a mesa, com autorização do Conselho, poderia e deveria conceder-lhe a palavra, na condição de ser o próprio, e não terceiros, a fazer o pedido.

Com eleições à porta, europeias e legislativas, um PSD que não esteja estável e forte, arrisca-se a perder o comboio. Arrisca-se a não conseguir apresentar as suas propostas, a não ser ouvido, a não conseguir afirmar-se como alternativa e, pior, a defraudar as expectativas de quem quer um país melhor para todos.

Demasiados riscos que o PSD não pode e não deve enfrentar agora, e este Conselho Nacional deve também servir para fortalecer o líder no combate político externo que terá pela frente nos próximos meses. O que não pode, nem deve, é servir para pôr em causa a sua legitimidade, que lhe foi dada de forma clara, há apenas um ano atrás, diretamente pelos seus militantes.

Portugal não pode esperar… e os portugueses precisam de um PSD forte e unido e vitorioso em 2019.