Os dispositivos móveis tornaram-se um elemento essencial da vida cotidiana de milhões de pessoas. Em todo o mundo, dispositivos como smartphones e tablets tornaram-se ferramentas essenciais para comunicação, informação e entretenimento. Em 2020, de acordo com Statista (2021), o número de usuários únicos de Internet móvel era de 4,28 bilhões, indicando que mais de 90% da população mundial usa pelo menos um dispositivo móvel no seu dia a dia.

O Covid-19 veio reforçar e intensificar uso desses mesmos dispositivos. De acordo com a mesma fonte, a maioria das aplicações teve um aumento da procura ao longo deste período. Neste contexto, é também visível o crescente número de aplicações móveis com recurso à localização geográfica. Numa era em que os ataques cibernéticos são uma realidade, a partilha de localização pessoal é uma questão sensível, que traz consigo preocupações acerca da privacidade dos dados dos seus utilizadores.

Num estudo conduzido por uma estudante de mestrado Católica Porto Business School, sob supervisão do Prof. Doutor Jorge Julião, sobre os riscos e benefícios percebidos pelos utilizadores na partilha da sua localização geográfica, efetuada a utilizadores de aplicações móveis, em Portugal (amostra de 305 inquiridos), foi possível verificar que existem diferenças significativas nos benefícios e riscos percebidos por parte de diferentes gerações.

A geração Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), tende a valorizar mais benefícios relacionados com customização de serviços e a receção de informação acerca de locais perto da sua localização quando comparando com gerações mais novas (Millennials e Geração Z – nascidos entre 1981 e 2010). Os Millennials e a Geração Z tendem a valorizar mais benefícios associados com o uso do serviço prestado pela aplicação e a conveniência. Para além disso, neste mesmo estudo, foi possível verificar que o risco de fraude é mais percebido pelas gerações Millennials e Geração Z, não sendo tão valorizado pelas restantes gerações.

Por outro lado a geração Baby Boomers está mais disponível para partilhar informação acerca da sua localização em aplicações no setor da saúde (principalmente quando há benefícios associados a este); ao contrário das gerações mais novas (Millennials e Geração Z) que estão mais disponíveis para partilhar informação em apps móveis nos setores de lazer e transportes.

Os resultados do estudo, apresentam também interessantes conclusões no que concerne ao género. De facto, pela análise dos dados recolhidos, foi possível verificar que as mulheres, independente da sua geração, tendem a valorizar mais benefícios associados aos uso do serviço fornecido pela aplicação e à velocidade e eficácia da experiência. Para além disso, as mulheres estão mais dispostas a partilhar os a sua localização em aplicações do setor dos transportes.

Ademais, o estudo tornou visível que os utilizadores de aplicações móveis estão mais confortáveis com a partilha de dados sobre a sua localização após o inicio da pandemia. Conclui-se pela relevância da reflexão cuidada sobre as alterações de comportamento e de consumo, que foram trazidos pelo contexto pandémico que temos vivido ao longo dos últimos anos, não só por parte das empresas de aplicações móveis como também por parte de empresas de outros setores.