Portugal é o segundo país da OCDE onde rendimento real das famílias mais caiu da pandemia até setembro de 2022

De acordo com dados publicados hoje pela OCDE, o rendimento real ‘per capita’ (um indicador em que são deduzidos impostos e contribuições e acrescentados benefícios sociais) em Portugal caiu 4,14% entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2022, decréscimo só ultrapassado pelo de Espanha, que foi de 7,85%.

Filie Trueba/EPA

Portugal foi o segundo país da OCDE no qual o rendimento real dos agregados familiares mais diminuiu entre o início da crise da pandemia e o terceiro trimestre de 2022, indicam os últimos números comparáveis disponíveis da OCDE hoje divulgados.

De acordo com dados publicados hoje pela OCDE, o rendimento real ‘per capita’ (um indicador em que são deduzidos impostos e contribuições e acrescentados benefícios sociais) em Portugal caiu 4,14% entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2022, decréscimo só ultrapassado pelo de Espanha, que foi de 7,85%.

Os decréscimos de Portugal e Espanha contrastam com o aumento global de 1,9% na OCDE nesse período para os 21 países para os quais existem estatísticas disponíveis.

Declínios de menor magnitude foram também registados no Reino Unido (-3,94%), Finlândia (-1,80%), República Checa (-1,68%) e Dinamarca (-1,30%).

No outro extremo, os rendimentos reais aumentaram mais na Polónia (7,16%), Eslovénia (6,53%), Austrália (4,55%), Hungria (4,26%) e Canadá (4,09%).

“O rendimento familiar real ‘per capita’ excedeu os níveis da pandemia pré-Covid-19 no terceiro trimestre de 2022 em todos os países da OCDE para os quais existem dados disponíveis, exceto a República Checa, Dinamarca, Finlândia, Portugal, Espanha e Reino Unido”, disse a organização.

Os peritos da organização associam os maus resultados observados em Espanha e em Portugal à “lenta recuperação” do excedente bruto de exploração e do rendimento misto, que está normalmente ligado ao rendimento dos trabalhadores independentes.

No caso particular de Espanha e Portugal, os dois países mais atrasados em termos de evolução do rendimento disponível, a OCDE disse que o resultado pode ser parcialmente explicado “pela lenta recuperação do excedente bruto de exploração e do rendimento misto das famílias desde os primeiros dias da pandemia”.

“Este tipo de rendimento está geralmente associado ao autoemprego e, na maioria dos países, contribui com cerca de um quinto do rendimento disponível do agregado familiar”, disse a instituição.

Assim, recordou que Portugal e Espanha registaram grandes quedas nesta referência no primeiro semestre de 2020 e recuperaram lentamente a partir daí, enquanto em contraste, a maioria dos países da OCDE registou um crescimento sólido após a recessão inicial relacionada com a pandemia.

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