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Portugal deverá retomar a trajetória de competitividade internacional crescente quando a pandemia acalmar, defende AICEP

Fortemente adaptáveis, inovadoras e resilientes, as empresas nacionais provaram durante a pandemia ter a capacidade para manter a sua posição internacional e, nalguns casos, até a reforçar, já que de todas as crises surgem oportunidades, ou pelo menos assim pensam os oradores no painel de comércio internacional do Portugal Exportador 2020
18 Novembro 2020, 16h59

Para a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), 2021 trará o abrandamento da pandemia e, com este, a competitividade portuguesa aumentará, recuperando a trajetória que experienciava antes da Covid-19. Esta ideia foi transmitida no painel “Comércio Internacional – Saiba o que está a mudar”, evento inserido no Portugal Exportador 2020, que conta com o Jornal Económico como media partner.

“Estou seguro que todos nós vamos conseguir, à medida que a pandemia vai diminuindo em 2021, voltar à normalidade e ver a nossa competitividade aumentar”, afirmou Fernando Quintas, gestor de mercado da AICEP Global.

Abordando a resposta dos empresários portugueses exportadores à crise pandémica, que gerou grandes preocupações pela sua implicação no comércio internacional, Fernando Quintas identificou três grandes elementos chave na resposta às dificuldades que surgiram: resiliência, adaptação e inovação.

Por um lado, os “empresários continuaram a mostrar meios e capacidade para batalhar, mesmo com a pandemia”, o que provou que as cadeias de valor são, na realidade, mais resistentes do que se esperava.

Por outro, a rapidez com que as várias empresas se adaptaram nas questões “do produto em si, da produção de novos produtos, da mudança de processos, maquinaria, redes de clientes” foi evidente, contribuindo para a manutenção do fator exportador do tecido empresarial português.

Finalmente, a inovação foi importante pela rapidez “em processos e produtos”, mas também na captação de novos mercados.

Prova destes três fatores foram os intervenientes no painel. A Frulact, empresa que produz ingredientes de valor acrescentado para a indústria alimentar, identificou dois grandes eixos de adaptação face à pandemia: a proteção dos trabalhadores e o provisionamento, de forma a se defender de possíveis disrupções nos stocks.

“Esta pandemia fez com que empresas que estão em cadeias de valor integrado, como a Frulact, se excedessem na colaboração, dedicação e entreajuda na superação das dificuldades que esta situação veio trazer”, argumentou Pedro Azevedo, Director of Corporate Comms & Sustainability da empresa.

A Casa Santos Lima, empresa familiar de vinhos, também reforçou stocks, mas a principal alteração na sua atividade surgiu nos canais de venda, que até beneficiou a empresa. Ao migrar do canal HORECA para a grande distribuição e online, a empresa ganhou pela maior presença. Por outro lado, a parte comercial do negócio, muito assente em feiras e exposições que requerem contacto presencial, teve de ser adaptada, mas também aí a empresa vinícola se mostra confiante.

“Não se se não acabamos por ter agora mais pontos de contacto com o cliente do que anteriormente”, revela Luís Olazabal de Almada, administrador delegado da Casa Santos Lima.

Para a Quidgest, empresa de geração de software e que, portanto, atua na área dos serviços e não de produtos armazenáveis, a adaptação passou, sobretudo, pela antecipação das necessidades dos potenciais clientes. Ainda assim, no caso de uma indústria tão criativa e disruptora, o administrador da companhia, João Paulo Carvalho, identifica uma dificuldade.

“Quando trabalhamos em inovação, desenvolvimento, criação de novas coisas, deixemo-nos de hipocrisias: o contacto físico e a discussão cara-a-cara não são substituíveis”, defendeu, reconhecendo ainda assim que, da “carteira de projetos interessante” com que entraram na crise, “muitos foram concluídos sem grande problema”.

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