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Portugal discute “novas linhas de colaboração” na ciência e ensino superior com Reino Unido

Manuel Heitor falava na abertura do LUSO 2020, o encontro anual dos estudantes e investigadores portugueses no Reino Unido, organizado pela associação PARSUK, formada por estudantes e investigadores portugueses no Reino Unido. 
20 Junho 2020, 18h33

O governo português está a preparar “novas linhas de colaboração” bilaterais nas áreas do ensino superior e investigação científica com o Reino Unido pós-Brexit, revelou hoje o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

Portugal, disse o ministro, “quer manter uma cooperação de muitas longas décadas com o Reino Unido e eu tenho nas últimas semanas reunido [por videoconferência] com a nova ministra inglesa da Ciência e das Universidades [Michelle Donelan] para lançarmos novas linhas de colaboração para além de aquilo que é o contexto europeu”.

Manuel Heitor falava na abertura do LUSO 2020, o encontro anual dos estudantes e investigadores portugueses no Reino Unido, organizado pela associação PARSUK, formada por estudantes e investigadores portugueses no Reino Unido.

O tema desta 13.ª edição do LUSO, que decorreu por videoconferência devido às restrições relacionadas com a pandemia covid-19, foi “Longe da Vista, mas Perto em Colaboração”, no sentido de debater o futuro das colaborações entre os dois países no contexto pós-pandemia e pós-Brexit.

Relativamente à saída do Reino Unido da União Europeia, formalizada em 31 de janeiro, e às negociações sobre as relações futuras, Manuel Heitor reiterou a posição de Portugal de manter uma colaboração próxima com os britânicos na área da ciência.

“Está ainda discussão o futuro do programa quadro europeu de investigação e inovação [HORIZON 2021-2027], que tem sido a principal alavanca para a cooperação entre ingleses e toda a Europa. A posição de Portugal tem sido clara a favor de manter essa relação, à semelhança de outros países externos que colaboram com a Europa, nomeadamente a Suíça e a Noruega”, adiantou.

O vice-presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, José Paulo Esperança, defendeu que o ‘Brexit’ pode oferecer oportunidades para Portugal em termos de parcerias entre universidades portuguesas e britânicas.

“Muitas universidades estão começar em fazer investimentos diretos e a abrir campus fora do território inglês. O modelo de ‘joint-ventures’ com universidades de outros países é uma área onde seria interessante ter uma parceria entre Reino Unido e Portugal”, sugeriu.

Segundo dados da Unesco, o Reino Unido é atualmente o principal destino dos estudantes portugueses que vão para o estrangeiro, cerca de 26,2% do total, correspondente a 3681 estudantes

Todavia, esta relação não é recíproca ao mesmo nível, já que o número de britânicos representa menos de 1% dos estudantes estrangeiros nas universidades portuguesas.

“Sempre tivemos dificuldade em captar alunos do Reino Unido, sobretudo no modelo Erasmus”, admitiu Esperança.

Durante o evento foram anunciados os cinco projetos vencedores de bolsas de investigação para promover a mobilidade entre Portugal e o Reino Unido no âmbito de um protocolo assinado no ano passado entre a PARSUK e a FCT.

No encerramento, o embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, reiterou a importância de uma cooperação científica entre os dois países e pós-Brexit, mas sobretudo pós-pandemia covid-19, tendo em conta a importância de universidades britânicas no desenvolvimento de modelos matemáticos e projetos de vacinas.

“Isto mostra, como se necessário fosse, o lugar importantíssimo que o Reino Unido tem nestas áreas e naturalmente que nós temos todo o interesse em manter esta colaboração e aprender e recolher informação”, disse.

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