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Portugal e Europa retomam trajetória de desinflação

A pressão nos preços da moeda única recuou para 6,1% em maio, de acordo com a estimativa rápida divulgada esta quinta-feira pelo Eurostat, retomando assim a tendência de queda interrompida na anterior leitura. Depois do aumento inesperado de 6,9% em março para 7% em Abril, o indicador voltou a abrandar, contando com um forte contributo dos bens energéticos.
10 Junho 2023, 08h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 3 de junho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

A zona euro retomou a trajetória de desinflação em Maio, depois da subida surpresa de abril, tendência que se verifica nas suas principais economias (e também na nacional), com vários países a renovarem mínimos do início de 2022. A componente energética parece ter acalmado definitivamente e, apesar de a pressão nos serviços se manter, o Banco Central Europeu (BCE) agradecerá a margem de manobra numa altura em que os dados do lado do crescimento preocupam, sobretudo com a recessão instalada na Alemanha.

A pressão nos preços da moeda única recuou para 6,1% em maio, de acordo com a estimativa rápida divulgada esta quinta-feira pelo Eurostat, retomando assim a tendência de queda interrompida na anterior leitura. Depois do aumento inesperado de 6,9% em março para 7% em Abril, o indicador voltou a abrandar, contando com um forte contributo dos bens energéticos.

Tendo sido o principal motor, numa primeira fase, pelo disparo nos preços na zona euro, a energia registou novamente uma variação homóloga negativa, caindo 1,7% em maio. Isto espelha a crise já contida neste sector, bem como a comparação homóloga feita com valores já bastante elevados em 2022. Por outro lado, os bens alimentares não-transformados continuaram a subir, mas a um ritmo menos pronunciado do que nos últimos meses, quando foi tomando o lugar da energia no fenómeno inflacionista. Este subindicador desacelerou para 9,6%, depois dos 10% de Abril.

Os analistas destacam a boa notícia destes números, que certamente terá dado algum alívio ao BCE, apesar de a taxa se manter bastante acima do objectivo de 2%. Perante esta queda, a expectativa é que o discurso do regulador monetário acalme, permitindo atingir o pico dos juros durante o Verão.

BCE agressivo
Ainda assim, Christine Lagarde, presidente do organismo, manteve a postura agressiva e sinalizou logo no mesmo dia que ainda não estaria satisfeita com a descida, pelo que as projeções de pausa podem ser precipitadas. E apontou para a inflação core para justificar a sua preocupação.

O indicador subjacente caiu pelo segundo mês seguido, chegando a 5,3% depois do pico de 5,7% em março. Sendo esta a parte mais persistente da pressão nos preços, o trabalho parece estar, de facto, longe de concluído.

O cenário é transversal às principais economias europeias, quando o mercado até esperava subidas na generalidade dos países. Portugal acompanha a tendência, registando um assinalável recuo de 1,7 pontos percentuais (p.p.) para a taxa mais baixa desde Janeiro de 2020, de 4,0%. A inflação core mostrou igual comportamento, caindo de 6,6% para 5,5%. Na Alemanha, que entrou recentemente em recessão técnica, o indicador de preços recuou de 7,2% para 6,1%; em Itália, caiu de 8,2% para 7,6%; em Espanha, verificou-se uma desaceleração de 4,1% em Abril para 3,2%; e em França, uma quebra de 5,9% para 5,1%.

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