A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou hoje um leilão de Obrigações do Tesouro (OT) a nove anos, já que a emissão tem maturidade em outubro de 2031. A agência liderada por Cristina Casalinho conseguiu colocar os títulos de longo prazo no montante mais alto intervalo. Recorde-se que o leilão tinha o montante indicativo entre 500 milhões e 750 milhões de euros.
A procura superou 2,68 vezes a oferta e o juro da colocação da emissão foi de 2,33% refletindo já a escalada de juros soberanos que se tem registado no mercado.
No anterior leilão comparável realizado em 9 de fevereiro, antes do início da guerra na Ucrânia, o IGCP colocou 706 milhões de euros em OT com maturidade em 17 de outubro de 2031 (cerca de dez anos) à taxa de juro de 1,008%, superior à de 0,314% registada em 10 de novembro, quando foram colocados 686 milhões de euros em OT também a cerca de 10 anos. A procura nessa emissãofoi de 896 milhões de euros, 1,27 vezes o montante colocado.
Mais recentemente, em 11 de maio, o IGCP colocou 750 milhões de euros, montante máximo indicativo, em OT com maturidade em 18 de outubro de 2030 (cerca de oito anos e cinco meses) à taxa de juro de 1,767%, superior às registadas em fevereiro, tendo a procura atingido 1.397 milhões de euros, 1,86 vezes o montante colocado, lembra a Lusa.
Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, sobre as emissões de Obrigações do Tesouro.
Filipe Silva, diretor do Banco Carregosa, realça que “Portugal emitiu 750 milhões em obrigações do tesouro a 9 anos. Face ao último leilão comparável, que se realizou em fevereiro, tivemos uma subida na taxa de 1,008% para os 2,33%” e explica que “a remuneração mais elevada impulsionou a procura que superou a oferta em 2,68 vezes”.
Filipe Silva destaca que “o prémio de risco de Portugal continua a subir e a refletir o movimento que temos assistido globalmente nas taxas das dívidas soberanas. No início do ano era espetável que fossemos assistir a uma subida nas taxas das dívidas soberanas, no entanto a elevada inflação que se faz sentir globalmente, a guerra na Ucrânia e os novos confinamentos na China, vieram criar novas disrupções no ciclo económico”.
“Os Bancos Centrais têm vindo a correr atrás do prejuízo, quer retirando estímulos de forma mais rápida do que se esperava inicialmente, como elevando as taxas de juro. O facto de sairmos de taxas de juro negativas, é um processo de normalização económica e saudável para a economia, o problema atual é que o ritmo a que tudo está a acontecer está a ser muito mais rápido do que se previa inicialmente. Os países da periferia têm sido mais penalizados neste movimento, Portugal não é exceção e o seu spread versus a Alemanha continua a aumentar”, conclui o Diretor de Investimentos do Banco Carregosa.