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Portugal obrigado a importar mais produtos petrolíferos refinados em 2021 com encerramento da refinaria de Matosinhos

Com o fecho da refinaria de Matosinhos, houve necessidade de importar mais produtos petrolíferos refinados para “compensar a procura interna”.
3 Maio 2022, 06h50

Portugal teve de importar mais produtos petrolíferos refinados em 2021 devido ao encerramento da refinaria de Matosinhos pela Galp.

A conclusão é de um relatório da Direção-Geral de Energia (DGEG) que apontou que a importação de produtos refinados subiu 16,7% em 2021 para um tal de 4,359 milhões de toneladas.

“O encerramento da refinaria de Matosinhos em abril de 2021, reforçou a necessidade de importação de refinados para compensar a procura interna”, aponta a DGEG no seu estudo.

Além do aumento da quantidade de refinados importados em 16,7%, a subida do preços destas matérias-primas, fez com que o país tivesse um acréscimo de 83,7% para comprar produtos refinados num total de 2,2 mil milhões de euros. Por sua vez, a exportação de refinados caiu 9% em 2021 face a período homólogo para 6,3 milhões toneladas.

Entre os produtos refinados importados com maiores subidas, encontra-se o jet fuel (combustível para aviação com uma subida de quase 6.000% para 120,6 mil toneladas. Seguem-se os asfaltos com uma subida de 82% para 227,2 mil toneladas; os gasóleos com uma subida de 50,5% para 1,2 milhões de toneladas.

A fatura energética de Portugal (exportações versus importações) disparou 83% em 2021 para os 5.342 milhões de euros. “Para este aumento do saldo importador contribuiu, principalmente, o aumento generalizado dos preços energéticos, em grande parte motivado pela pandemia Covid-19 e a instabilidade dos preços ao nível internacional”, segundo a DGEG.

A Direção-Geral de Energia destaca que no ano passado “verificou-se uma redução generalizada quer das quantidades importadas de produtos energéticos quer das exportadas. Relativamente ao valor pago em termos de fatura, verificou-se um aumento significativo na globalidade dos produtos”.

Este aumento deveu-se à “evolução dos preços nos mercados internacionais, nomeadamente devido à cotação do Brent que aumentou 63,7% e a mudança nas condições dos mercados quer a nível nacional como internacional. Por sua vez, a mesma conjuntura internacional de aumento de preços no valor das exportações, que resultou num aumento de 36,4% (em euros), face a 2020, não compensou o aumento do valor das importações de 83,3%, conjugado com uma redução das quantidades exportadas”.

Exportações de gasóleo a partir da refinaria da Galp em Sines estão em risco 

A Galp admitiu a 20 de abril que a capacidade exportadora de gasóleo a partir da refinaria de Sines, distrito de Setúbal, pode vir a ser afetada este ano devido à falta de gasóleo de vácuo no mercado, um produto essencial para produzir o combustível que abastece a maioria dos automóveis em Portugal, por exemplo.

“Temos assegurado o stock para abril, mas para maio ainda está em aberto. O que acontece é que vamos reduzir em 10% a 20% [produção de gasóleo]. Não afeta empregos nem o abastecimento do mercado interno. Estamos a trabalhar para manter a refinaria a funcionar”, disse o presidente executivo da Galp, Andy Brown na ocasião.

“Estamos agora à procura de alternativas. Afetou-nos e pode afetar Sines a prazo. Isto significa que não vamos conseguir exportar produtos no futuro se não conseguirmos obter alternativas”, previu o gestor britânico.

“Não estamos a aceitar o fornecimento russo. Assegurámos o abastecimento de abril, mas ainda não assegurámos para maio”, detalhou Andy Brown.

No início de março, a Galp anunciou que iria deixar de comprar este produto à Rússia, que é essencial para produzir gasóleo. Na altura, a presidente do conselho de administração da Galp disse que ““este terrível ato de agressão da Rússia contra a Ucrânia viola em absoluto os valores que a Galp defende, como a Liberdade e os Direitos Humanos. Num contexto tão complexo e terrível, a nossa decisão é simples: a Galp não vai contribuir para financiar a guerra”.

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