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Portugal renova parceria com Cabo Verde na área da Defesa

O novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde deverá ser alargado, mas mantendo a tónica na localização estratégica do arquipélago na prevenção de ilícitos no Atlântico.
25 Março 2021, 18h12

O novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde deverá ser alargado a áreas como o combate às pandemias ou a ciberdefesa, mas mantendo a tónica na localização estratégica do arquipélago na prevenção de ilícitos no Atlântico.

“Esta é uma parceria que interessa tanto a Cabo Verde como interessa a Portugal. Cabo Verde está no coração da segurança marítima e da segurança do Atlântico, e a segurança do Atlântico é vital para a segurança de Portugal da Europa”, afirmou esta quinta-feira, na Praia, o diretor-geral de Política de Defesa Nacional de Portugal, Paulo Lourenço.

Os dois países iniciaram, na capital cabo-verdiana, a oitava reunião da subcomissão bilateral no domínio da Defesa entre Cabo Verde e Portugal, que está a fazer um balanço do atual programa-quadro (2016-2021) e a abordar novas aéreas para o próximo quadro, que deverá vigorar até 2026.

Desde o início da cooperação entre os dois países, mais de mil militares cabo-verdianos foram formados em Portugal, dos quais 96 no atual programa-quadro – que não foi afetado pela pandemia de covid-19 -, além das patrulhas regulares conjuntas nas águas de Cabo Verde e a escala de pelo menos dois navios da Marinha portuguesa em portos cabo-verdianos todos os anos.

“Com ajustes podemos com certeza valorizar e dar um salto em relação aquilo que eram as áreas de trabalho até aqui”, explicou Paulo Lourenço, em declarações à margem da reunião.

O objetivo do encontro, explicou, visa “pensar” em conjunto as prioridades da cooperação bilateral para os próximos cinco anos no âmbito da “densa relação” no setor da Defesa. “Há muita coisa que mudou à nossa volta nos últimos anos, nas dinâmicas internacionais, nas preocupações que afetam os dois países”, reconheceu o responsável português.

Paulo Lourenço destacou que o envolvimento das Forças Armadas no combate à pandemia de covid-19 e ao apoio às autoridades de saúde, nos dois países, representa uma “nova frente de trabalho que se abriu” para esta cooperação, que deverá ser reforçada, acrescentou, ao nível de ciberdefesa e na área das indústrias de Defesa.

“Nós trabalhos juntos, damos e recebemos. E o que nós damos é ajudar que no corredor Atlântico, em que Cabo Verde é estratégico, poder evitar que ocorram ilícitos nesse corredor. Se esses ilícitos passarem daqui para cima, afetará a Europa e começa por Portugal”, admitiu o diretor nacional da Defesa cabo-verdiano, coronel Armindo Miranda, à entrada da primeira de várias reuniões para definir as novas áreas de cooperação.

O apoio de Portugal à instalação de um avião que o Governo cabo-verdiano pretende adquirir para a Guarda Costeira, para evacuações médicas e patrulhamento aéreo – atualmente o país não tem qualquer meio aéreo -, incluindo a formação das equipas e certificação, foi já uma “prioridade” identificada por Cabo Verde.“A inserção de frota [da nova aeronave] é umas das coisas que nós vamos tratar no novo programa”, admitiu Armindo Miranda.

No acordo em vigor, Portugal e Cabo Verde acertaram promover a assistência mútua nas operações de busca e salvamento e os compromissos de desenvolver ações no domínio da segurança marítima, nomeadamente através da presença de meios navais e aéreos, fiscalização conjunta e troca de informações entre os centros com responsabilidade de monitorização e de operações, além do regular ensino e formação militar de alunos cabo-verdianos.

“Nós esperamos aquilo que Portugal tem feito sempre”, rematou o responsável cabo-verdiano, sobre as expectativas para o novo programa-quadro de Defesa, a fechar pelos dois países até final do ano.

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