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Portugueses tiram dinheiro do banco para emprestar ao Estado

Governo avança com nova emissão de obrigações de rendimento variável. Analistas dizem que a taxa é atrativa, mas alertam para as comissões.
  • Leonhard Foeger/Reuters
15 Novembro 2016, 10h53

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) avançou ontem com mais uma emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), a terceira deste ano. O que permite que até às 15.00 horas de 25 de novembro, qualquer pessoa com um mínimo de mil euros possa comprar dívida pública ao balcão de um banco.

O Estado espera arrecadar até 500 milhões de euros com a operação, mas não seria a primeira vez que o montante indicativo era revisto em alta a meio do processo, de forma a responder à elevada procura. A taxa de juro garantida é de 2%, à qual acresce a Euribor a seis meses quando for positiva. Sobre os 2% de taxa, é deduzido 28% de imposto, o que faz com que o rendimento líquido baixe para 1,4%. Os juros são pagos de seis em seis meses, a 30 de maio e 30 de novembro.

Com o retorno dos depósitos a prazo dos bancos a rondar os 0%, a atenção dos aforradores vira-se cada vez mais para produtos de financiamento com juros mais atrativos. De acordo com a Deco, as OTRV são “interessantes em alguns aspetos. Um retorno garantido de 1,4% é bom porque atualmente equivale à taxa máxima de um depósito a prazo, e se a Euribor subir mais, como se espera, o rendimento também vai aumentar”, explica António Ribeiro, economista da Deco, citado pelo “Diário de Notícias”.

Existem custos a ter em conta, nomeadamente a extensa lista de comissões, que começam no momento da subscrição e só terminam na altura de resgatar o dinheiro. “A aplicação não é má nem arriscada, mas a rentabilidade pode ficar muito reduzida pelas comissões e muita gente não está devidamente esclarecida em relação a isto quando decide investir”, afirma Filipe Garcia, economista da IMF, citado pelo DN.

No conjunto das operações de abril e agosto o Estado arrecadou cerca de 1950 milhões de euros. “Os bancos estão agressivamente a colocar este produto junto dos clientes porque lhes abre espaço para cobrar mais comissões”, Como forma de compensar a perda de receitas associada aos mínimos históricos das taxas de juro, salienta Filipe Garcia. A Deco recomenda que, “antes de subscrever deve pedir sempre uma simulação de rendimento para comparar com alternativas.”

De acordo com a edição de hoje do “Correio da Manhã”, “a subscrição das novas OTRV só compensa acima dos cinco mil euros”, devido às comissões cobradas pelos bancos, não só pela subscrição mas também pela sua guarda durante os cinco anos.

 

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