[weglot_switcher]

“Poupar é difícil e investir não é fácil de se fazer”, diz CEO da Casa de Investimentos

As famílias portuguesas não encaram o mercado de capitais como um instrumento de poupança. No entanto, desde que bem pensado e com uma perspetiva de longo-prazo, investir em ações pode consistir numa boa estratégia para quando chegar à idade da reforma. O tema esteve em debate na edição das “Conversas no Chiado”, conferência organizada pelo Jornal Económico.
  • Cristina Bernardo
29 Outubro 2018, 19h58

Em Portugal, a taxa de poupança das famílias portuguesas atingiu níveis baixos, cifrando-se nos 4%. O tema esteve em debate na edição das “Conversas no Chiado”, que se realizou esta segunda-feira, na loja da Fnac do Chiado. Atualmente, existem vários instrumentos de poupança, mas as famílias portuguesas ‘fogem’ do mercado de capitais e apostam mais em ativos fixos, como a casa própria.

Esta foi uma das ideias avançadas por Pedro Pita Barros, professor universitário da Universidade Nova de Lisboa, um dos oradores convidados para participar no debate, organizado pelo Jornal Económico. “É algo que ocorre nos povos do sul da Europa”, disse, sugerindo que é algo cultural.  De resto, os povos do sul da Europa fogem do mercado de capitais enquanto instrumentos de poupança, como as ações ou obrigações, o que é um comportamento que contrasta com o norte da Europa, como a Suécia e a Dinamarca.

Emília Vieira, CEO da Casa de Investimentos, encontra também uma explicação cultural para o afastamento das famílias portuguesas para encararem o investimento numa carteira de ações enquanto um instrumento de poupança. No entanto, embora a investidora compreenda que “poupar é difícil e investir não é fácil de se fazer”, este comportamento sugere que “as pessoas confundem o risco com a volatilidade”. E explica que “o risco é a possibilidade entre quanto vale um ativo e quanto é que se paga por ele”. Neste sentido, “o objetivo é comprar o ativo por menos do que ele vale”.

Ricardo Pires Silva, diretor executivo da SAS e um investidor no mercado de capitais, também encarou a compra de ações como um instrumento de aumento de capital e, por consequência, um instrumento de poupança, porque o mercado bolsista não é necessariamente um “casino”. Segundo o investidor, no  do mercado caso norte-americano, desde 1950 que o mercado cresceu durante 75% do tempo. E no mesmo período, a economia cresceu 77%.” Assim, “é interessante participar num mercado que esteja a crescer na grande maioria do tempo”, disse o investidor. “Desde que feito de forma bem implementada, com disciplina e paciência, o mercado de capitais deixa de ser um casino”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.