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‘Pasta’ a preços proibitivos em Itália apesar da descida da inflação

Ainda que a inflação esteja a descer, o preço da massa não diminui nos supermercados e associações de consumidores estão a pedir ao povo italiano que boicote a compra do produto-estrela.
24 Maio 2023, 14h50

Farinha de trigo, ovos, uma pitada de sal e um bom braço para amassar. Este é o segredo mais bem guardado de Itália mas pode estar em risco e afetar outros países.

Embora a receita para uma boa pasta pareça simples, o berço que o criou está a enfrentar uma crise de preços e pode levar o país da bota a entrar em modo sobrevivência. De acordo com o “CincoDías”, a inflação anual da pasta atingiu os 16,5% em abril e o governo de Giorgia Meloni já está à procura de uma solução que impeça Itália de entrar em crise.

No entanto, e enquanto a solução não é encontrada, o comércio global já está a ser afetado com o preço da massa. Anualmente, um cidadão italiano consome 23 quilos de pasta, um valor acima dos restantes países europeus, dado que França fica atrás com oito quilos, um cidadão português consome 6,6 quilos por ano e Espanha apenas 4,22 quilos.

Mesmo com a disparidade de consumo entre países, Itália foi responsável por mais de 3.350 milhões de euros em vendas para o exterior em 2021, uma vez que é o maior exportador deste alimento.

A publicação espanhola, que cita dados da associação Assoutenti, evidencia que a massa vendida em supermercados já observou um aumento 25% no seu preço de venda aos consumidores italianos. Ou seja, enquanto no ano passado, uma embalagem de esparguete da marca Barilla (a mais vendida em Itália) custava 1,70 euros, hoje custa 2,13 euros, levando os consumidores a recorrer a lojas mais baratas e diminuir os seus hábitos alimentares.

O aumento do preço deste alimento quase duplicou a inflação geral em Itália, limitada a 8,7% em abril. Mas não é o aumento dos supermercados que aflige o berço da pasta. Do campo até ao consumidor (do trigo à massa), a massa sofre um aumento de 578%, com os empresários italianos a denunciarem especulação de preços e a pedirem aos consumidores para reduzirem o consumo do alimento.

Qual o motivo para este aumento?

Não poderia ser outro a não ser, claro, a guerra na Ucrânia. Os preços internacionais do trigo sofreram um aumento inédito no início de 2022 por conta da invasão russa ao território ucraniano, o que levou ao fecho dos portos e paragem das exportações.

Segundo o “CincoDías”, o trigo duro cotado nos Estados Unidos, a referência nos mercados, passou de 273 dólares a tonelada entre 2020 e 2021 para 430 dólares no ano passado, representando um aumento de 57%.

Ainda que se perspetiva uma descida significativa no preço do trigo e de outros cereais, o alívio no bolso dos consumidores não será imediato.

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