Preços mundiais dos alimentos sobem 14,3% em 2022

Os preços globais dos alimentos permanecem em níveis altos, com muitos produtos ainda perto de valores recorde. A conjuntura é ainda marcada por um dólar forte, principal moeda do comércio internacional, o que aumenta o risco de insegurança alimentar em muitos países em vias de desenvolvimento.

Os preços mundiais dos alimentos subiram 14,3% no conjunto dos 12 meses de 2022, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Em 2022,  com a guerra da Rússia na Ucrânia, a média do Índice de Preços de Alimentos da FAO “foi notavelmente mais alta do que no ano anterior, o que, além de grandes aumentos em 2021, levou a tensões significativas e preocupações com a segurança alimentar dos países”, refere a agência da ONU.

“Os preços globais do trigo e do milho atingiram recordes ao longo do ano”, o mesmo se verificou com os preços de óleos vegetais, os da carne e os de produtos derivados do leite, que “os níveis anuais mais altos desde 1990”.

O índice publicado da FAO que monitoriza os preços das commodities alimentares mais negociadas manteve-se em níveis historicamente altos em novembro (135,7 pontos), após atingir o máximo histórico em março (159,3 pontos). O indicador atingiu uma média de 143,7 pontos em 2022, 14,3% acima do seu valor médio ao longo de 2021.

“Embora o mundo tenha sofrido crises alimentares no passado, a atual, desencadeada pela pandemia do COVID-19 e pela guerra na Ucrânia, é diferente, diz um relatório da UNCTAD, por causa do dólar forte.

Nas crises anteriores, o valor do dólar caiu à medida que os preços dos alimentos subiam. Como o dólar é a principal moeda do comércio internacional, explica o documento, a desvalorização baixou o preço final nas moedas locais com que as pessoas pagam os alimentos importados, o que proporcionou algum alívio. Desta vez, porém, a moeda norte-americana ficou ainda mais forte (subiu 24% entre maio de 2021 e outubro de 2022) quando a Reserva Federal aumentou as taxas de juros para tentar conter a inflação nos Estados Unidos.

“Para os países em desenvolvimento importadores líquidos de alimentos, o mercado internacional é uma tábua de salvação”, diz o relatório, justificando: porém, “à medida que fica mais caro comprar dólares americanos, também fica mais difícil para esses países evitar que milhões de pessoas passem fome.”

Por exemplo, para o Egito, maior importador mundial de trigo em 2020 (13,2 milhões de toneladas), importar a mesma quantidade em 2022 custaria mil milhões de dólares a mais.

A insegurança alimentar aguda triplicou em três anos, de 135 milhões antes do COVID-19 para quase 350 milhões hoje, de acordo com a FAO e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

Em dezembro, o índice de preços alimentares da FAO, que segue a variação de preços a nível internacional de um cabaz de produtos básicos, continuou a cair. O Máximo Torero, economista-chefe da FAO, afirma que “é bom que os preços dos alimentos estejam a acalmar após dois anos muito voláteis”, mas é fundamental “continuar vigilante e atenuar a insegurança alimentar mundial.

“Os preços mundiais dos alimentos permanecem em níveis elevados, já que muitos alimentos básicos estão perto de recordes. Os preços do arroz estão subindo e ainda há muitos riscos associados aos suprimentos futuros”, afirma.

 

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