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Prejuízo da Farfetch aumenta 10,6% para 85,5 milhões de dólares no terceiro trimestre

A empresa liderada por José Neves alargou novamente o prejuízo face ao período homólogo apesar de um disparo de 90% nas receitas. Salientou, no entanto, que superou o ‘guidance’, tanto no volume de negócios da plataforma digital como na margem EBITDA e que tem um ‘outlook’ positivo para o último trimestre do ano.
  • Cristina Bernardo
14 Novembro 2019, 21h27

A Farfetch, plataforma luso-britânica de venda online de artigos de moda de luxo, anunciou esta quinta-feira um  prejuízo líquido de 85,5 milhões de dólares no terceiro trimestre, alargando as perdas em 10,6% face a igual período do ano anterior, altura em que o resultado negativo foi de 77,3 milhões de dólares, apesar de quase ter duplicado as receitas.

As receitas atingiram os 255,5 milhões de dólares, uma subida de 89,9% em relação aos 134,5 milhões no terceiro trimestre do ano passado. O Gross Merchandise Value (GMV, na sigla em inglês para o volume total processado pela plataforma) aumentou para 310 milhões, uma subida de 58,7%.

A Farfetch adiantou que os custos de vendas, gerais e administrativos aumentaram para 195,4 milhões de euros, de 144,2 milhões no terceiro trimestre do ano passado.

O EBITDA, resultado após juros, impostos, depreciação e amortização, também ajustado neste caso a custos de compensação via ações, foi negativo, dessa forma, em 35,6 milhões de dólares, mais 10,3% face aos 32,3 milhões do período homólogo.

A empresa liderada por José Neves salientou, em comunicado, que a margem de perda do EBITDA Ajustado melhorou para 16%, de 29% no mesmo período do ano anterior, e a margem de perdas depois de impostos melhorou para 33%, de 57% no mesmo período do ano anterior.

Explicou também que superou o guidance para o terceiro trimestre, tanto no volume de negócios da Plataforma Digital, como na margem do EBITDA Ajustado.

A Farfetch adiantou que vê um outlook positivo para o quarto trimestre,  tendo aumentado a expectativa relativamente ao EBITDA Ajustado, que agora prevê negativo entre 21 milhões a 31 milhões, e reiterado a taxa de crescimento do GMV da Plataforma Digital, de 30% a 35% em termos homólogos.

José Neves referiu no comunicado que está “muito satisfeito com o progresso contínuo na construção da plataforma global de luxo”, adiantando que a empresa teve “um terceiro trimestre fantástico, no qual bateu todas as expectativas e a continuar a capturar quota de mercado a passo rápido”.

Cotação em queda

No segundo trimestre a empresa tinha registado prejuízos de 89,6 milhões de dólares, mais 409% do que em igual período do ano anterior. O disparo no prejuízo, aliado ao anúncio da aquisição do New Guards Group por 675 milhões de dólares e da saída do Chief Operating Officer Andrew Robb após nove anos na empresa, não agradaram os investidores. A 9 de agosto, no rescaldo desses anúncios, as ações da Farfetch tombaram 44,49% numa só sessão para 10,13 dólares por ação.

O ‘unicórnio’ português entrou na bolsa em Nova Iorque a 21 de setembro de 2018 a um preço de 20 dólares por ação, tendo visto uma rápida valorização nos primeiros dias que levou a cotação a negociar acima dos 30 dólares. A desconfiança dos investidores em relação ao percurso da empresa em direção aos lucros levou, no entanto, a cotação a cair.

Esta quinta-feira, antes da divulgação dos resultados, as ações da Farfetch fecharam a tombar 6,58% para os 7,48 dólares. Na sessão anterior, o título caíra 1,71%, após os analistas do Bernstein terem cortado a recomendação para Underperform de Market Perform, dizendo que a empresa não é ‘uma Uber’ da distribuição da moda de luxo e questionando a viabilidade de um negócio que “queima cash rapidamente demais”.

[Atualizada às 21h46]

 

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