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Prémios dos seguros são um regular contributo para garantia do futuro

A oferta tradicional de seguros de Vida está em mutação. As tendências demográficas com o decréscimo da natalidade e o aumento da esperança média de vida obrigam a inovar.
17 Julho 2022, 21h00

O negócio dos seguros de Vida tende a ser mais ágil, digital e centrado no cliente, afirma Carla Sá Pereira, partner da EY e responsável pela área dos seguros. Por outro lado, a tipologia do serviço deve ser adaptada à geração dos clientes que se pretende servir, refere a gestora e conclui que se espera “maior flexibilidade e personalização dos produtos”.

E embora o seguro de Vida seja para muitos consumidores associado ao crédito à habitação e por isso este seguro ainda está muito dependente do Vida individual, a verdade é que este produto tem de ser encarado no âmbito da proteção individual, refere Ana Mota, diretora da Saúde na MDS Portugal. Adianta que quando se questiona um consumidor sobre o mais importante seguro facultativo a resposta é o seguro de Saúde mas, na verdade o seguro de Vida pode significar a diferença entre ficar na miséria ou ficar com liquidez para despesas necessárias após um sinistro grade que envolve a morte ou a incapacidade total e permanente do segurado. E o seguro de Vida tem vindo a adaptar-se e inclui capital por doenças graves e pode ainda incluir subsídio de hospitalização e há ainda alguns contratos que têm incluída a proteção ao desemprego, embora aqui a generalidade do mercado alerte para o conjunto de exclusões. Globalmente o seguro de Vida está acoplado a outro tipo de benefícios e garantias, sendo certo que é crítico que o segurado tenha “a visão que precisa de se proteger”, refere Ana Mota. Adianta que o preço é acessível desde que o seguro seja feito no sentido de assegurar a sobrevivência para os primeiros tempos após um sinistro.

Poupança
Questionados sobre a importância do seguro de Vida como instrumento de poupança, refere Ana Mota da MDS Portugal que o seguro de Vida “é um importante veículo de captação de poupança e investimento, seja por via dos PPR, seguros de capitalização ou mesmo através de Fundos de Pensões patrocinados por empresas”. E adianta ser cada vez mais importante “que estas soluções se adequem às necessidades de cada fase da vida, com soluções Life Cycle que ofereçam coberturas em função da idade, da estrutura familiar e outros fatores condicionantes” e reforça a necessidade de um aconselhamento especializado. Por seu lado Carla Sá Pereira, partner da EY, realça que o contexto atual de aumento do custo de vida e de risco de uma recessão económica trará “incertezas e desafios. Verificou-se um acréscimo da produção do seguro de Vida nos anos mais recentes. De facto, depois de termos assistido a uma redução de 34,6% entre 2019 e 2020, verificou-se um crescimento acentuado (68,5%) em 2021.

Seguindo a mesma tendência, no primeiro trimestre de 2022 registou-se um crescimento de 40,7% face ao período homólogo. O ambiente de taxas de juros muitos baixas que se verificou durante muito tempo levou a uma tendência para a redução de produtos com garantias financeiras e para a passagem de pelo menos uma parte do risco financeiro para o consumidor. A inovação da oferta de serviços referida anteriormente e o incremento das taxas de juro poderá alterar esta tendência”. Adianta que “uma política fiscal aliciante irá também naturalmente contribuir para um incremento da captação da poupança. Mas é também importante que se trabalhe para uma cultura de poupança em Portugal. Nas famílias, nas escolas (educação financeira) e na sociedade em geral. Aqui o setor pode ter um importante papel e inovar na sua oferta, proporcionando oportunidades para lançar campanhas de formação dos consumidores e aumentar a acessibilidade e conhecimento dos produtos de seguro, sendo já visíveis várias ações neste sentido”. E sobre o mesmo tema refere António Castanho, presidente do Conselho de Administração Executivo da CA Vida, que “embora as exigências regulamentares sobre a atividade financeira tenham aumentado de forma exponencial para as seguradoras, a verdade é que o capital de confiança angariado pelas seguradoras se mantém, certamente suportado na solidez destas instituições, nos bons resultados obtidos e na sua transparência.

Daí que a mais ou menos relevância das seguradoras na captação da poupança não está na sua capacidade de oferta, mas sim e essencialmente nas condições de mercado. Os últimos anos em ciclo de muito baixas taxas de juro condicionaram significativamente a capacidade de as seguradoras obterem rentabilidades para os seus produtos, contudo os números de produção dizem-nos que o sector não deita a toalha ao chão”. Já Nelson Machado, membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal, fala de números e frisa que nas últimas décadas se tem assistido a uma taxa de poupança inferior à taxa da UE (10,9% em 2021, inferior aos 13,3% na zona Euro), no entanto, os seguros de Vida têm tido um importante contributo, com mais de 6,3 mil milhões de euros de novos prémios em produtos de poupança, só em 2021.

Frisa que “entre os desafios que Portugal enfrenta nesta área, destaca-se a importância da poupança para a Reforma para fazer face ao envelhecimento da população e para o qual os seguros de Vida têm soluções, particularmente, vocacionadas para uma poupança a longo prazo e com benefícios fiscais importantes.

Paralelamente e à medida que os clientes se apercebem do impacto que as frequentes alterações nas condições dos mercados financeiros tem nas suas poupanças, como a que estamos a assistir, aumenta a importância dos investimentos em produtos que combinem prazos mais longos com a diversificação dos investimentos, e com base em produtos sustentáveis (ESG). Os seguros de vida serão, por isso, um importante veículo de poupança no futuro para as famílias em Portugal”.

O seguro de Vida deve ser encarado como proteção para obter capital perante uma doença grave ou incapacidade mas também como uma conta-poupança a favor do segurado, realça Ana Paulo, membro da administração da Zurich Vida. Adianta que “tanto os seguros de vida tradicionais como os unit-linked podem voltar a ser atores relevantes na captação de poupança. Prova disso é o aumento de poupanças verificado em Portugal nestes últimos dois anos com estas opções. Os seguros de Vida permitem que os clientes invistam e diversifiquem as suas poupanças de forma ajustada aos seus perfis de risco e, com isso, otimizem os seus objetivos de poupança. A juntar a estas vantagens, surge agora o contributo que cada segurado pode dar para o desenvolvimento sustentável do planeta, se optar por investir em produtos com estas características”.

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