O que conhecemos por Grupo EDP nasceu em 1976, na sequência de um processo de fusão de 13 empresas do setor elétrico, nacionalizadas em 1975. A então Eletricidade de Portugal ficou responsável pela eletrificação do país, o que significou a construção de redes elétricas aéreas, de propriedade pública, num balanceamento benefício/custo, capaz de alcançar zonas de baixa densidade populacional e de estabelecer um tarifário suportável para o consumidor.

Estando estas redes aéreas mais expostas a agentes externos e sendo um bem público com utilidade primária, a legislação estabeleceu que a segurança destas redes passava pela manutenção de distâncias adequadas, particularmente à vegetação, cabendo aos proprietários privados e públicos a responsabilidade de prevenir o dano dessa infraestrutura.

Muito mudou desde o final dos anos 70 mas houve uma constante: o espírito de missão dos operacionais na expansão e manutenção da rede elétrica, hoje concessionada à EDP Distribuição, coadjuvados com o investimento em inovação, de modo a garantir a segurança de pessoas e bens e a continuidade de serviço.

Representativo deste esforço é o modo como a gestão da vegetação tem evoluído no seio da EDP Distribuição. Exemplo disso é o sobrevoo, feito desde 1994, das linhas elétricas de alta e média tensão com câmaras termográficas para pesquisa de pontos quentes, assim como os voos com “câmaras” laser, desde 2006, que permitem medir distâncias não regulamentares à rede elétrica. Na Califórnia só a partir deste ano estes sobrevoos ganharam regularidade.

Em 2006, com a entrada em vigor da legislação da Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI), a EDP Distribuição, como entidade responsável da rede de alta e média tensão, foi das primeiras entidades a constituir a rede secundária de faixas de gestão de combustível (RSFGC) à medida que iam sendo aprovados os Planos Municipais de DFCI (PMDFCI).

Com a tragédia de 2017 e a resultante procura de culpados, atingindo, no caso da EDP Distribuição, operacionais que nunca negligenciaram as suas responsabilidades, os PMDFCI passaram a servir de atestados de imputabilidade para situações futuras, não tendo em conta que a RSFGC deve ser apenas constituída em locais estratégicos e ignorando que esta rede secundária nada faz no que respeita à diminuição da superfície percorrida por grandes incêndios, função unicamente da rede primária, da responsabilidade do Estado.

Em 2019, a EDP Distribuição lançou o projeto VEGA, composto por iniciativas multidisciplinares, com o intuito de contribuir para uma gestão da vegetação mais eficiente junto das linhas elétricas. Nesse contexto, entre outras iniciativas, promoveu em julho uma conferência sobre esta temática, na Estufa Real, em Lisboa, na qual participaram investigadores do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Coimbra, bem como peritos do Observatório Técnico Independente e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

A revisão da legislação (Decreto-Lei 124/2006), para que a defesa da floresta contra incêndios possa ser mais eficiente, bem como a concentração dos meios e do esforço na rede primária, foram duas das principais ideias defendidas neste fórum.

Enquanto operadora de rede, a EDP Distribuição quer fazer parte de uma solução mais eficaz na forma de preservar a floresta, razão pela qual vai continuar a desenvolver e a implementar iniciativas que possam incrementar a defesa do património florestal e sensibilizar os proprietários relativamente à preservação das distâncias à rede elétrica. Para maio está prevista uma nova conferência com investigadores e peritos das entidades competentes, de modo a continuar a reflexão sobre esta temática.