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Presidente brasileiro faz discurso polémico no Dia da Mulher

Michel Temer indica que as mulheres assumem um “segundo grau” na sociedade e servem apenas para fazer compras no supermercado e para educar os filhos.
9 Março 2017, 11h53

Em dia de celebrações do Dia Internacional da Mulher, o presidente do Brasil, Michel Temer, lembrou o povo brasileiro do papel da mulher preponderante em diferentes áreas sociais. Michel Temer limitou-se a chamar à atenção para a competência das mulheres nas compras de supermercado e afazeres domésticos, num discurso que está a incendiar a opinião pública pelo descrédito do presidente face ao género feminino.

“Na economia, também a mulher tem uma grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preço no supermercado do que a mulher. Ninguém é capaz de melhor detetar as flutuações económicas do que a mulher, pelo orçamento doméstico”, afirmou Michel Temer, esta quarta-feira, num evento no Palácio do Planalto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Sobre o crescimento económico que Michel Temer espera para o país, salienta que as mulheres têm hoje uma “possibilidade de empregabilidade que não tinha no ano passado” e que, com a “queda da inflação e dos juros” e finda a recessão, as mulheres vão conseguir empregos para conciliar com os “afazeres domésticos”.

E acrescenta: “Se a sociedade vai bem, se os filhos crescem, é porque tiveram adequada formação em casa e, seguramente, quem faz isso não é o homem, é a mulher”, sugerindo que o papel da educação cabe apenas e exclusivamente à mulher, que ocupa um “segundo grau” na sociedade.

As críticas ao discurso de “enaltecimento” da mulher não tardaram a chegar. Questionada sobre se Michel Temer tinha ou não sido preconceituoso, a secretária de Política para as Mulheres, Fátima Pelaes, cujo cargo está ligado ao Ministério da Justiça, deu razão ao presidente e disse que este apenas falava sobre a “realidade”. “O presidente Michel Temer disse muito mais do que palavras, disse factos”, sublinha.

Aquando da tomada de posse de Michel Temer, depois da destituição de Dilma Rousseff, o novo governo interino foi fortemente criticado pelo facto dos 23 ministros que o componham serem todos homens e serem todos brancos. Tal não acontecia desde o período de ditadura militar, que durou até 1985.

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