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Presidente da Câmara de Sines quer autoestrada de ligação do porto à A2

Para Nuno Mascarenhas, o que está hoje em causa é a elevada circulação de pesados entre Sines e a A2, mais de 320 mil viagens anuais, com uma percentagem elevada de transporte de matérias perigosas.
  • Mário Proença/Bloomberg
30 Setembro 2020, 17h47

O presidente da Câmara Municipal de Sines defendeu hoje, dia 30 de setembro, na sessão solene de apresentação do ‘Estudo Estratégico do Porto de Sines 2020-2025’, que decorreu na sede da APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve, em Sines, o investimento rodovário numa ligação rodoviária, em perfil de autoestrada, num troço de 35 quilómetros, entre o porto de Sines e aA2 (autoetsrada do sul).

“Temos a consciência que ainda muito existe por fazer, é por isso muirto importante a concretização dos investimentos previstos no ‘Ferrovia 2020’ e no Plano Nacional de Investimentos. Sendo certo que, no que respeita a este território, não podemos deixar de ter no horizonte que a expetativa em torno a expansão da movimentação de carga contentorizada exigirá condições de transporte que os investimentos em curso na ferrovia podem, no longo prazo, não ser suficientes”, alertou Nuno Mascarenhas, na sua intervenção.

O autarca prosseguiu: “permitam-me ainda que, no âmbito dos transportes, reforce a necessidade de solucionarmos a questão da rodovia”, sublinhando que “o que está hoje em causa é a elevada circulação de pesados entre Sines e a A2, mais de 320 mil viagens anuais, com uma percentagem elevada de transporte de matérias perigosas”.

“As condições em que esta circulação se opera atualmente levantam muitas preocupações ao nível da segurança rodoviária”, avisou Nuno Mascarenhas.

No entender do presidente da Câmara Municipal de Sines, “seria desejável que este troço, com pouco mais de 35 quilómetros, em perfil de autoestrada, pudesse vir a ser concretizado no curto prazo, permitindo desta forma ligar o maior porto nacional aos principais centros de consumo do país e aos restantes portos nacionais através deste perfil de via”.

“Seria um sinal muito positivo para os investimentos que se perspetivam para este território”, defendeu o autarca.

Em resposta a esta exigência, Pedro Nuno Santos, ministro das Infaestruturas e da Habitação, disse: “não quero ser eu a assumir o que vai estar no Plano de Recuperação e Resiliência, cuja apresentação estará a cargo do Primeiro-ministro”.

“Mas quero assegurar que as preocupações do senhor presidente da Câmara Municipal de Sines são as nossas preocupações, e são fundamentais para o desenvolvimento do porto e da região de Sines”, garantiu Pedro Nuno Santos.

Nuno Mascarenhas destacou na sua intervenção que “o porto de Sines é uma infraestrutura que, pela sua natureza, vocação e notoriedade, tem uma dimensão muito superior ao domínio local”.

“É uma infraestrutura estratégica para o país e para a Península Ibérica, mas o seu espaço é o da geografia mundial, das grandes rotas marítimas e do comércio internacional. Por isso mesmo, a sua relevância local e regional é, de facto, incomensurável e traduz-se num valor económico-social âncora para esta comunidade e para toda a região”, assinalou o autarca, acescentando que “é o porto de Sines que está na génese de todo o ecossistema económico deste concelho, que agrega indústria pesada, indústria ligeira, um crescente número de serviços, um setor logístico em franco desenvolvimento e, neste momento, está com uma dinâmica muito interessante de diversificação empresarial”.

Sobre o encerramento da central termoelétrica de Sines, devido ao programa de descarbonização assumido pelo país e das soluções de substituição adoptadas, Nuno Mascarenhas assinala que, “em ambas as situações com grandes impactos na atividade deste porto, mas que ao mesmo tempo não podem estar dissociadas da necessidade de serem criados mecanismos de transição social, ou seja, de valorização de conhecimento e dos ativos residentes, especialmente de recursos humanos”.

“Significa isto que entendemos a importância do encerramento da central termoelétrica, mas que continuamos empenhados com o Governo e com os organismos da Administração Central, no desenvolvimento de um plano robusto de reconversão de capital social daquela unidade, muito especificamente no que diz respeito aos seus trabalhadores. Significa também que a ‘Estratégia Nacional do Hidrogénio’ carece dessa estabilidade, ou seja, os investimentos que nessa matéria se perspetivam para Sines são absolutamente fundamentais do ponto de vista económico e social, contribuindo não só para a transição climática e para um novo paradigma energético, mas igualmente para a diversificação das atividades portuárias e das atividades locais”, salientou o presidente da Câmara Municipal de Sines.

Críticas sobre a junção entre os portos de Sines e do Algarve
“(…) Acompanho o que refere o documento hoje [dia 30 de setembro] apresentado sobre uma gestão integrada dos portos de Sines e do Algarve: não se vislumbram ganhos de eficiência na gestão conjunta”, assumiu Nuno Mascarenhas.

O autarca considera que “o porto de Sines e os portos de Portimão e de Faro têm missões distintas” e que, “até do ponto de vista da marca, os portos do Algarve têm pouco a ganhar com essa associação”.

“O porto de Sines encontra-se noutro campeonato. A junção destes portos foi sem dúvida um erro de ‘casting'”, criticou o presidente da Câmara Municipal de Sines.

No entender do autarca, “a diversificação dos setores, por exemplo com a reconversão do terminal de carvão, o eventual desenvolvimento de serviços relacionados com a indústria agroalimentar, a penetração em novas vocações logísticas e ou industriais, demonstram bem que esta é uma realidade diferente, em permanente evolução”.

Investimento na fixação de população
“Foi muito positivo o lançamento do concurso para a empreitada de modernização da linha férrea de Sines até Ermidas, assim como todo o investimento que está a ser realizado na ferrovia. Mas são igualmente importantes os investimentos que a APS fez no ramal interno e na ligação à ZILS [Zona Industrial e Logística de Sines] e que a Medway tenha já em funcionamento a sua plataforma logística em Sines”, observou Nuno Mascarenhas.

O presidente da autarquia de Sines relembrou ainda o desafio demográfico, aproveitando o facto de estar presente na cerimónia de apresentação do ‘Plano Estratégico do Porto de Sines 2020-2025’ o ministro Pedro Nuno Santos, que também tem o setor da habitação sob a sua tutela.

“Temos hoje uma cidade qualificada e com uma oferta completa de educação, cultura, deporto e lazer. Sines é uma cidade que evidencia uma enorme atração, mas isso não se tem traduzido em igual proporção na capacidade de fixação de novos residentes. É também, por isso, que entram em Sines mais de cinco mil pessoas diariamente. O mercado habitacional, quer para compra, quer para arrendamento, não conseguiu acompanhar proporcionalmente a a criação de postos de trabalho ao longo dos anos”, lamentou-se o autarca.

Na opinião de Nuno Mascarenhas, “é, por isso, necessário intervir neste domínio e a Câmara Municipal está a fazê-lo”, adiantando que “estamos a programar mais áreas destinadas a habitação, procurando diversificar as tipologias de modo a abranger famílias de rtendimentos diversos”.

“Ainda assim, e depois do muito que se tem feito em matéria de habitação nos anos recentes, faltam hoje aos municípios instrumentos que permitam uma maior intervenção nesta área, nomeadamente tendo em vista a promoção da fixação de jovens, de quadros e de famílias em territórios de menor densidade”, criticou o presidente da Câmara Municipal de Sines.

Segundo Nuno Mascarenhas, “Sines é de facto o concelho com a população mais jovem do Alentejo Litoral e com maior proporção de jovens por cada cem habitantes; contudo, a procura de mão de obra e as necessidades criadas com a geração de novos postos de trabalho enfrentam dois grandes desafios: a fixação de população e, para isso, a necessidade de maior equilíbrio no merado habitacional”.

 

 

 

 

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