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Presidente da Mercadona garante abastecimento alimentar sem falhas em Espanha e Portugal

Juan Roig exige uma nova fórmula de cálculo do preço dos combustíveis, a aposta em fontes energéticas alternativas, a descida do IVA e a eliminação da burocracia para fazer frente à incerteza acrescida provocada pela guerra na Ucrânia.
15 Março 2022, 13h48

O presidente da Mercadona, Juan Roig, garantiu hoje, dia 15 de março, que “não haverá falhas no abastecimento alimentar em Espanha e Portugal”, devido ao impacto da guerra na Ucrânia.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados anuais do grupo, o preesidente da Mercadona garantiu que “não há quaisquer problemas de abastecimento”.

“As cadeias alimentares espanhola e portuguesa são muito fortes. Não há problemas de abastecimento e não vai haver problemas de abstecimento. Temos mercadoria mais que suficiente e e estamos preparados para abastecer todos os produtos, com todas as soluções”, assegurou.

O presidente da Mercadona referiu, a título de exemplo, o caso do consumo do papel higiénico durante os primeiros tempos da pandemia. Considerando que ainda não existe qualquer explicação racional para este fenómeno, que foi mais ou menos global, Juan Roig revelou que “durante um mês, o consumo de papel higiénico nas nossas lojas multiplicou-se por dois, mas, no final do ano, o consumo foi o mesmo”.

Situação idêntica, de cariz passageiro, deve ocorrer agora com a procura exponencial por óleo de girassol, defendeu o empresário. Segundo Juan Roig, a limitação atual de compra de óleo de girassol é temporária e “excecional”: “foi a decisão menos má que tínhamos de tomar, para evitar a especulação”.

Juan Roig iniciou a conferência de imprensa a condenar a guerra em curso na Ucrânia. “Como todos os espanhóis, como todos os portugueses, lamentamos a guerra na Ucrânia. Todos condenamos a guerra, de uma forma ou de outra, porque existem outras formas de solucionar os conflitos”, assinalou o líder da Mercadona.

O empresário acrescentou que “este é um cenário inesperado, que não podíamos prever, que não podíamos imaginar, mas tal como na Covid-19, nós, como empresários, temos de continuar a tomar decisões e adaptar-nos à nova situação”.

O presidente da Mercadona referiu que em abril do ano passado, o grupo já se deparava com a Covid-19; a ‘tempestade perfeita’ provocada pela subia simultânea e constante dos preços das matérias-primas e dos combustíveis, entre outros custos de  produção; e a subida de inflação (mais 6,5% em Espanha, mais 2,7%, dados de final do ano). Tudo junto, provocou um aumento de mais 500 milhões de custos no grupo espanhol de distribuição no ano passado.

Qual foi a solução adoptada pela Mercadona perante uma subida de custos de 8%, quando as vendas apenas cresceram 3%? Juan Roig explica que “optámos por não subir artificialmente os preços dos produtos, que iria contribuir ainda mais para o aumento da inflação; e continuámos a manter a alta qualidade dos produtos que vendemos”.

A partir daqui, o comité diretivo da Mercadona liderado por Juan Roig implementou um conjunto de medidas para reduzir custos: reforçar os departamentos de compras para encontrar os fornecedores mais especializados, com os melhores produtos aos melhores preços; dominar os custos de cada processo em termos de eficiência e produtividade (limpezas, consumos de nergia, transportes, etc); e eliminar tudo o que não acrescentasse valor.

Mas agora, chegou a guerra na Ucrânia, mais um fator adverso para a Mercadona e para os restantes agentes económicos. E Juan Roig exige a adoção de medidas mais impactantes: encontrar uma nova fórmula de cálculo para definir os preços da energia; encontrar e fomentar modos energéticos alternativos; e reduzir o IVA.

“O IVA é um imposto inflacionista. Cada vez que se sobe um preço, a inflação sobe ainda mais devido ao IVA. Não sei como, mas é preciso baixar o IVA”, defendeu o presidente da Mercadona.

Juan Roig apresentou dois exemplos práticos da cadeia de distribuição em Espanha: entre 2021 e 2022, o preço do litro de leite subiu de 58 para 68 cêntimos – desses 10 cêntimos de aumento, um cêntimo foi diretamente ‘comido’ pelo IVA; o litro de azeite passou de 2,3 euros para quatro euros o litro nas lojas espanholas da Mercadona entre 2021 e 2022 – antes o consumidor pagava 23 cêntimos de IVA, agora paga 40 cêntimos.

O presidente da Mercadona advoga ainda uma outra medida imprescindível para fazer face à atual conjuntura adversa, a eliminação da burocracia. “Este é um problema da sociedade europeia em geral, não é um problema de um partido político específico”, assumiu Juan Roig.

Face às incertezas derivadas na guerra na Ucrânia, o presidente da Mercadona escusou-se a avançar com quaisquer previsões de números sobre a atividade da Mercadona para o presente ano.

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