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Prestes a reduzir estímulos, BCE volta a rever em alta projeção económica

Estimativa do banco central é que a economia da zona euro cresça 2,4% este ano e 2,3% no próximo. No entanto, a inflação deverá continuar a falhar a meta pelo menos até 2020.
14 Dezembro 2017, 14h51

A duas semanas de começar a reduzir os estímulos monetário na zona euro, o Banco Central Europeu (BCE) voltou a mostrar-se mais confiante em relação à economia do bloco. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Governadores do BCE, o presidente Mario Draghi anunciou uma revisão em alta das projeções de crescimento económico.

“Os riscos em torno das perspetivas de crescimento da área do euro permanecem globalmente equilibrados. Por um lado, o forte momentum cíclico, suportado por contínuos desenvolvimentos positivos nos indicadores de sentimento, podem levado a mais surpresas positivas no crescimento a curto prazo”, explicou Draghi.

O BCE estima que o produto interno bruto (PIB) da zona euro expanda este ano 2,4%, o que significa uma revisão “substancialmente” em alta, em relação às previsões de setembro, altura em que o banco central esperava um crescimento de 2,2%, em 2017. No próximo ano, o BCE estima que o PIB cresça 2,3% em 2018 (face à previsão de 1,8%, em setembro), 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020.

“O consumo privado está a ser apoiado pelos ganhos contínuos no emprego, que também estão a beneficiar de reformas do mercado de trabalho no passado e aumento da riqueza dos agregados familiares”, sublinhou Draghi.

“O investimento empresarial continua a fortalecer com base em condições de financiamento muito favoráveis, subida dos lucros empresariais e reforço da procura. O investimento das famílias também aumentou nos últimos trimestres. Além disso, as exportações da zona euro estão a ser impulsionadas pela expansão abrangente global”, acrescentou.

Apesar da confiança na economia da zona euro, a inflação continua a ser uma dor de cabeça para o BCE. Em novembro, a subida dos preços foi de 1,5%, depois de 1,4% em outubro, continuando longe da meta do banco central de uma inflação próxima, mas abaixo de 2%.

“Olhando para o futuro, com base nos preços atuais dos preços do petróleo, as taxas anuais de inflação global irão provavelmente moderar nos próximos meses, em grande parte a refletir efeitos de base nos preços da energia, antes de subir novamente. Espera-se que a inflação subjacente aumente gradualmente a médio prazo, apoiada pelas medidas de política monetária, a contínua expansão económica, absorção do slack económico correspondente e aumentos salários”, explicou o italiano.

A expetativa do BCE é que a inflação anual acelere 1,5% em 2017, 1,4% em 2018, 1,5% em 2019 e 1,7% em 2020.

Sobre as medidas não convencionais de política monetária, Mario Draghi não anunciou novidades, tendo reafirmado a redução prevista para janeiro. O BCE vai cortar o montante de compra de ativos para 30 mil milhões de euros mensais, metade do valor de aquisições até dezembro. Este ritmo está previsto até, pelo menos, setembro.

No entanto, Draghi voltou a reiterar que “se o outlook se tornar menos favorável, ou se as condições financeiras se tornarem inconsistentes com novo progresso em direção a um ajustamento sustentável da inflação, o Conselho de Governadores está preparado para aumentar o APP [asset purchase program] em tamanha e/ou duração”, sublinhou.

Além disso, o presidente do BCE lembrou ainda que o stock de aquisições que fica no balanço e a política de reinvestimentos vai fazer com o banco central continue no mercado durante anos depois de terminar as compras.

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