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Procura turística por Cabo Verde voltou a cair em 2021

De acordo com o relatório da Movimentação de Hóspedes no país em 2021, divulgado hoje pelo INE, a hotelaria cabo-verdiana contabilizou em todo o ano passado 169.068 hóspedes, contra os 207.125 em 2020, em ambos os casos longe do recorde de mais de 819 mil turistas em 2019.
31 Março 2022, 13h05

A procura turística por Cabo Verde voltou a cair em 2021, devido à pandemia, com a hotelaria do arquipélago a receber 169 mil hóspedes, menos 18,4% face a 2020, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com o relatório da Movimentação de Hóspedes no país em 2021, divulgado hoje pelo INE, a hotelaria cabo-verdiana contabilizou em todo o ano passado 169.068 hóspedes, contra os 207.125 em 2020, em ambos os casos longe do recorde de mais de 819 mil turistas em 2019.

Este número fica abaixo da previsão do Governo, que admitia alguma recuperação da procura turística ao longo de 2021 – que só aconteceu no último trimestre – e a possibilidade de receber cerca de 300 mil turistas, recuando, mesmo assim, a números de 2005.

O principal emissor de turistas para Cabo Verde passou a ser Portugal, que em 2021 destronou o mercado britânico, com 16,8% do total das entradas, seguido da Alemanha (10,0%), Países Baixos (6,8%) e Reino Unido (6,6%).

Em 2020 registaram-se 1.150.641 dormidas – essencialmente até março face às restrições internacionais desde então impostas para conter a pandemia de covid-19 -, registo que caiu 27% em 2021, para 839.576 dormidas.

Segundo o INE, em todos os trimestres de 2021 registaram-se “acréscimos significativos nos hóspedes e nas dormidas face ao ano 2020”, exceto no primeiro, com decréscimos, respetivamente, de 93,5% e 97,4%.

A maior procura turística registou-se no quarto trimestre, com 87.751 hospedes e 488.491 dormidas.

A ilha do Sal concentrou 45,1% do total das entradas de hóspedes, seguida das ilhas de Santiago (25,2%) e da Boa Vista (13,7%). Em relação às dormidas, o Sal registou 61,3% do total, seguindo-se a Boa Vista (20,9%) e Santiago (9,6%).

O relatório do INE refere ainda que os hotéis continuaram a ser, em 2021, os estabelecimentos hoteleiros mais procurados, representando 88,9 % do total das entradas, seguindo-se as pensões (4,5%), as residenciais (3,3%) e os aparthotéis (2,0%).

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. Segundo dados oficiais, a economia cresceu 7% em 2021, impulsionada por alguma retoma na procura turística, e o Governo prevê 6% de crescimento em 2022.

O país espera mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago em 2022, invertendo a tendência de queda nos últimos dois anos por causa da pandemia da covid-19, segundo previsões do Orçamento do Estado.

Em 2020, no primeiro ano da pandemia da covid-19, Cabo Verde teve uma queda histórica na chegada de turistas de 75%, correspondendo a menos cerca de 600 mil turistas, depois de um recorde de 819 mil chegadas em 2019.

Para 2022, o Governo espera um “forte aumento” do número de turistas, marcando o início da retoma do setor. Segundo as previsões do Orçamento do Estado, em 2022 o Governo admite mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago, entre 100% a 150%, em comparação com a queda do ano anterior, para entre 600 e 750 mil turistas, aproximando-se dos números de 2018.

Antes da pandemia, o Governo cabo-verdiano tinha traçado como meta chegar a um milhão de turistas em 2021, mas o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, já admitiu recentemente que vai agora levar algum tempo para atingir esse valor.

“Isso vai demorar muito tempo ainda. Se as coisas correrem bem, só em 2023/2024”, reconheceu Olavo Correia, lembrando que a pandemia levou Cabo Verde a retroceder muitos anos em relação a vários indicadores e vai precisar de mais alguns anos para ter os mesmos valores de 2019.

“Infelizmente é assim, não depende só de nós, depende do contexto internacional, mas tudo faremos para que seja mais breve e que a retoma seja mais efetiva e mais célere”, traçou, pedindo igualmente ponderação em relação às projeções.

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