Professores desabafam: “Andamos nervosos e cansados”

O ambiente na escola é tenso e até o número de divórcios entre os colegas aumentou. A pressão da direção é cada vez maior. A indignação dos professores aumenta no mesmo ritmo. “Andamos nervosos e cansados”, diz João, professor de Educação Física numa escola de Lisboa, no dia de greve geral, enquanto é debatida a proposta do Orçamento do Estado na especialidade com medidas polémicas como a não contagem do tempo de serviço.

Paula é professora de matemática de uma escola secundária lisboeta, conhece perfeitamente esta realidade. “Os professores estão desmotivados e completamente exaustos. De vez em quando, põem atestados médicos durante dois ou três dias e os alunos também sofrem porque ficam sempre professor”, afirma a docente, de 60 anos.

Carla, professora de Educação Musical, está de licença há três anos. Esta docente, natural do Algarve, confessa que já estava saturada das horas passadas na escola. “Fiquei exausta. Eram muitas fichas e quilos de papel”, lembra. Voltar a entrar numa sala de aula está “fora dos planos”.

Milhares de professores concentraram-se hoje ao fim da manhã junto do parlamento, para contestar o Orçamento do Estado para 2018 e exigir a contagem de todo o tempo de serviço quando forem descongeladas as carreiras da administração pública. A manifestação coincide com uma greve nacional de professores, convocada por todos os sindicatos do setor, no dia em que, na Assembleia da República, está a ser discutida na especialidade a proposta do Orçamento do Estado para 2018 na Educação.

A principal razão da luta dos professores e educadores é a recuperação dos anos de serviço. Esta manhã, a secretária de Estado Adjunta e da Educação prometeu no Parlamento “uma contagem do tempo de serviço” dos professores de forma faseada, que será negociada com os sindicatos.