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Projeto-piloto de hidrogénio verde de Sines espera ‘luz verde’ final de Bruxelas até agosto (com áudio)

Parceiro do H2 Sines aponta que o consórcio e a Comissão Europeia estão agora a negociar as condições de financiamento para o projeto, esperando que até agosto seja dada a autorização final para entrar em operação em 2022.
  • Nasa – Unsplash
21 Junho 2021, 07h40

O projeto-piloto que visa a produção de hidrogénio verde em Sines recebeu uma primeira autorização de Bruxelas para avançar. O próximo passo é que o consórcio H2 Sines chegue a acordo com a Comissão Europeia em relação ao financiamento para este projeto.

O H2 Sines visa a produção de hidrogénio verde recorrendo a um eletrolisador com a capacidade de 10 megawatts (MW), usando eletricidade renovável para produzir hidrogénio limpo, sem combustíveis fosseis.

“Este é um projeto de investigação, pode ter a capacidade de alavancar algumas coisas, mas não é um projeto industrial”, disse ao JE João Peças Lopes do INESC TEC, centro de investigação que é o parceiro tecnológico do consórcio H2 Sines. O consórcio é atualmente constituído pelos franceses da Engie, os dinamarqueses da Vestas e os portugueses da Martifer e da REN.

“O processo está na fase de discussão do grant agreement [acordo entre o consórcio e a Comissão Europeia para o financiamento]. O processo agora é rápido, eu diria que antes de férias, em agosto, estará pronto. O arranque do projeto em si só arranca no próximo ano”, avançou o diretor associado do INESC TEC.

O Governo anunciou na quarta-feira que o projeto de hidrogénio verde projetado para Sines, no distrito de Setúbal, já foi aprovado em Bruxelas.

“O projeto H2 de Sines é um dos únicos três projetos que a União Europeia já aprovou pelo seu mérito”, disse o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, no Parlamento.

Em julho de 2020, quando foi lançado este projeto estava previsto numa primeira fase, precisamente, o lançamento de um projeto-piloto de 10 megawatts de eletrólise. Numa segunda fase, ao longo da próxima década, o projeto deveria evoluir para 1 gigawatt de capacidade de eletrólise “visando a prazo a instalação de cerca de 1,5GW de capacidade de geração de energia elétrica renovável para alimentação dos eletrolisadores”, segundo o comunicado divulgado pelo consórcio a 27 de julho de 2020.

Segundo a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), publicada a 14 de agosto de 2020, o investimento previsto no projeto industrial de produção de hidrogénio verde em Sines poderia ser superior a 1,5 mil milhões de euros.

Recorde-se que a Galp e a EDP faziam parte do núcleo inicial do projeto, mas acabaram por sair do H2 Sines ainda antes do seu arranque.

A Galp anunciou a 2 de junho a sua saída do projeto H2 Sines cujo objetivo era produzir hidrogénio verde para exportá-lo para a Holanda.

“Vamos sair do H2 Sines, o consórcio que planeava exportar hidrogénio líquido para a Holanda”, revelou o presidente da Galp. “Saímos porque queremos avançar mais depressa” do que o consórcio, explicou Andy Brown.

Outra das razões apresentadas foi porque a Galp considera que o “maior cliente para o hidrogénio verde não está na Holanda, mas sim em Sines”, com a substituição pela Galp do uso de hidrogénio cinzento (produzido à base de energias fósseis) pelo hidrogénio verde na sua refinaria.

O responsável destacou que existem fundos europeus disponíveis para financiar projetos de hidrogénio verde, mas que ainda é cedo para saber qual o montante que pode ser alcançado. Andy Brown destacou as energias renováveis baratas em Portugal como sendo importantes para estes projetos.

A Galp juntou-se assim à EDP que também já anunciou a sua saída do projeto, conforme revelou o jornal “Público”, que noticiou que a EDP está a “avaliar projetos inovadores e com potencial de crescimento nesta área nas várias geografias em que opera, mantendo atualmente cerca de 20 projetos sob análise” no sector do hidrogénio verde, segundo fonte oficial da elétrica liderada por Miguel Stilwell de Andrade.

Apesar de desistir do projeto, a Galp quer apostar no hidrogénio verde na sua refinaria de Sines, no distrito de Setúbal, até 2025. A companhia revelou hoje que vai desenvolver um eletrolisador nos próximos anos com uma capacidade inicial de 100 megawatts (MW).

Por sua vez, a REN já disse que a sua participação no consórcio é de âmbito restrito, devido às limitações regulatórias. “A REN não vai estar envolvida na geração e comercialização de energia ou hidrogénio, nem na sua produção industrial”, disse fonte oficial da REN ao “Dinheiro Vivo” a 20 de maio.

A REN vai investir 40 milhões de euros no hidrogénio verde até 2024, no âmbito do seu novo plano estratégico.

“Vamos fazer um investimento de 40 milhões de euros no hidrogénio verde, dos quais 15 milhões de euros estão associados a projetos na rede de gasodutos, e 25 milhões na concessão de rede de armazenagem”, disse a 14 de maio o administrador da REN, João Conceição.

O objetivo da empresa é injetar até 5% de hidrogénio verde no gás natural em Portugal até 2025. Para isto vai ser preciso “tornar totalmente compatíveis as redes de gasodutos”.

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