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Proposta de OE2022 não procura “mitigar os estrangulamentos” da economia nacional, critica Miranda Sarmento

Na conferência organizada em conjunto pelo JE e pela EY, o deputado social-democrata destacou o baixo PIB potencial português, que dificulta o crescimento, com Carla Castro, deputada liberal, a criticar a falta de ambição do OE2022.
  • Cristina Bernardo
4 Maio 2022, 12h16

Joaquim Miranda Sarmento critica a falta de ação para “mitigar os estrangulamentos” da economia portuguesa, que estão bem identificados, mas que a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) não procura responder. Esta visão foi secundada por Carla Castro, deputada liberal, com Jamila Madeira, vice-presidente da bancada socialista, a discordar, destacando o papel do governo na gestão da crise pandémica.

Na conferência organizada em conjunto pelo Jornal Económico com a EY sobre a proposta de Orçamento conhecida no mês passado, o deputado social-democrata destacou o baixo PIB potencial português, considerando que reside aí um dos principais problemas da economia.

“Uma economia com um PIB potencial de 1,5 nunca consegue crescer de forma sustentada, acima de 2%, muito tempo”, afirmou o economista e presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD. Esta tendência, refere, explica parte do comportamento recente do país no capítulo do crescimento, que assinalou “dois anos em que crescemos bastante”, mas, em grande parte, devido a um efeito preço que rapidamente se desvaneceu.

Carla Castro havia já caracterizado o documento como “não reformista, não tem ambição”, questionando como pode ser esta proposta uma tentativa de apoiar as famílias, se a reforma do IRS custará 200 milhões de euros, face a 2 mil milhões de aumento da receita fiscal.

Perante as críticas, Jamila Madeira, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, relembrou o papel que desempenhou o Estado na gestão pandémica, ao apoiar famílias e empresas.

“Na pandemia, quando confinamos o país a 13 de março, tínhamos acabado de aprovar um OE; apesar de não haver ainda a pandemia, respondeu a todas as necessidades”, afirmou a deputada socialista, destacando não só os 5 mil milhões de euros de reforço para o tecido empresarial através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas também de “todos os instrumentos através da Administração Pública”.

No entanto, Miranda Sarmento vê na proposta de OE2022 poucas medidas concretas para abordar estes problemas, pelo que não perspetiva uma evolução muito positiva nos próximos anos.

“O que me preocupa é o que vamos fazer nos próximos anos para mitigar os estrangulamentos da nossa economia”, rematou, argumentando que “o essencial da ação [governativa] não conduz à resolução do problema”. Simultaneamente, a ação do Governo durante a pandemia não serve para tranquilizar, dado que “Portugal foi, em percentagem do PIB, dos países que menos medidas Covid teve”.

Carla Castro juntou-se às críticas, questionando o estado atual de serviços públicos como a saúde e a educação, destacando que, “do ponto de vista dos apoios sociais, os países liberais conseguem apoiar mais do que nós”.

“Falamos aqui como se tivesse tudo bem com as famílias”, afirmou a deputada liberal, considerando que “a tristeza é termos um país onde 2,9 milhões de pessoas precisam de apoio do Estado”.

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