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Eutanásia: Proposta do BE determina que doentes têm de pedir cinco vezes para morrer

Anteprojeto de lei apresentado pelo Bloco de Esquerda define uma série de fases do processo, ao longo das quais o doente vai sendo avaliado e questionado sobre se mantém a posição.
16 Fevereiro 2017, 09h53

Doentes que queiram pedir eutanásia são obrigados a declarar cinco vezes que querem morrer para que lhes sejam administrados os fármacos, segundo o anteprojeto de lei apresentado pelo Bloco de Esquerda no Parlamento. O partido propõe ainda que o procedimento possa acontecer num estabelecimento de saúde ou na própria casa do doente.

Quanto aos critérios, “o pedido de antecipação da morte deverá corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida de pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável”, diz a proposta citada pelo Diário de Notícias.

A pessoa que queria pedir a morte medicamente assistida tem de começar por fazer o pedido por escrito a um médico responsável que irá verificar se os requisitos são cumpridos. Para isso, o doente tem de prestar “toda a informação e esclarecimento sobre a situação clínica que o afeta, os tratamentos aplicáveis, viáveis e disponíveis, designadamente na área dos cuidados paliativos, e o respetivo prognóstico”, escreve o DN.

Nessa altura, o doente volta a ser questionado sobre o desejo de morrer. Depois disso, tem de ser dada outra confirmação por um médico especialista na patologia em questão. Se este parecer não for favorável, “o procedimento em curso é cancelado e dado por encerrado e o doente é informado dessa decisão e dos seus fundamentos”. Caso a decisão seja favorável, o doente volta a ser questionado.

O terceiro médico a analisar o caso é um psiquiatra que avalia se o paciente tem dúvidas ou se sofre de alguma perturbação mental. Depois de confirmar pela quarta vez a vontade de receber os fármacos letais e se o psiquiatra der um parecer positivo, o processo poderá avançar.  São então combinadas questões como o dia, hora, local e médico para a antecipação do fim de vida.

Imediatamente antes de ser iniciada a administração dos fármacos letais, o doente é questionado pela quinta vez se quer prosseguir com a eutanásia, segundo a proposta do BE. O Parlamento debateu no início do mês a favor da despenalização da morte assistida, uma medida já implantada em certos países da Europa.

O Bloco de Esquerda e o PAN são os dois partidos com projetos na matéria, sendo que os apoiantes da despenalização consideram este um ato de misericórdia. A petição “Direito a morrer com dignidade” conta com mais de oito mil subscritores e foi entregue em abril do ano passado na Assembleia. Por outro lado, os signatários da petição contra a legalização da morte medicamente assistida consideram a medida uma violação dos princípios da Constituição e da dignidade da vida humana.

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