Provisões adicionais para créditos em francos suíços na Polónia voltam a dar prejuízos ao banco do BCP (com áudio)

O banco liderado por Miguel Maya parece ter um problema sem fim à vista na Polónia, porque toda a rentabilidade do banco é consumida em provisões para litigância com os créditos em francos suíços. O Banco Comercial Português volta a informar o mercado, esta quarta-feira, que o  Millennium Bank, na Polónia, uma subsidiária por si detida a 50,1%, publicou o anúncio da constituição de provisões adicionais para riscos legais relacionados com a carteira de crédito hipotecário em moeda estrangeira.

“O conselho de administração do Millennium Bank informa que tomou a decisão de criar nas suas contas do quarto trimestre de 2021, uma provisão para risco legal relacionado com empréstimos hipotecários cambiais originados pelo Banco, no valor de 661,8 milhões de zlotys (144 milhões de euros).”.

“Também serão criadas provisões adicionais de 70,2 milhões de zlotys (15,28 milhões de euros) contra o risco legal relacionado com a carteira de empréstimos originada pelo antigo Euro Bank, mas sem impacto nos resultados. Isto porque o risco de litigância dos créditos em moeda estrangeira do Euro Bank ficaram com o vendedor Société Générale. O que parece ser uma regra do regulador do país. O que significa que mesmo que o BCP vendesse o Millennium Bank na Polónia teria de assumir os riscos de perder em tribunal contra os clientes polacos litigantes.”

“As provisões refletem as tendências negativas contínuas nas decisões judiciais, a entrada de novos processos judiciais e as mudanças resultantes na metodologia de avaliação de risco legal do Banco”, diz o Millennium BCP.

Como resultado deste nível de provisões, apesar do sólido desempenho operacional, o Banco apresentará um resultado líquido negativo no quarto trimestre de 2021.

A exposição ao mercado polaco, mais concretamente face à sua exposição ao crédito concedido em francos suíços que tem gerado litigância por parte dos clientes o que obriga constantemente a constituir provisões para riscos de perdas de processos em tribunal, tem consumido a rentabilidade do banco polaco do BCP e por consequentemente os resultados consolidados.

“Mais informações sobre o risco legal e os resultados financeiros do quarto trimestre de 2021 serão divulgados em um relatório atual agendado para 1 de fevereiro de 2022”, diz o comunicado.

Recorde-se que alguns analistas, nomeadamente do Credit Suisse, alertaram para “preocupações com baixa folga de capital e fraca rentabilidade dos capitais próprios do BCP, quando comparado com alguns dos seus pares e com o sector em geral”.

“O contexto de geração de receitas de juros é mais desafiador do que o consenso estima”, alertou o Credit Suisse.