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PS acusa PSD de gerar clima de “suspeição generalizada” sobre apoios atribuídos às vítimas dos incêndios de 2017

Os socialistas acusam a bancada do PSD de “taticismo político” na condução dos trabalhos da comissão de inquérito aos incêndios de 2017 e de “desconhecimento” sobre qual é o objeto dessa comissão. “O PS recusa a instrumentalização da Comissão de Inquérito e da dignidade das vítimas”, indicam.
3 Agosto 2020, 10h56

O Partido Socialista (PS) repudia o “aproveitamento político” do Partido Social Democrata (PSD) na condução dos trabalhos na comissão parlamentar de inquérito aos incêndios ocorridos na região Centro, em junho de 2017. Os socialistas acusam que a bancada do PSD de instituir a ideia de “suspeição generalizada” e “desconhecimento” sobre o que efetivamente é objeto da comissão de inquérito que o próprio partido requereu.

“O PS recusa a instrumentalização da Comissão de Inquérito [à atuação do Estado na atribuição de apoios na sequência dos incêndios de 2017 na zona do Pinhal Interior] e da dignidade das vítimas e agirá, com determinação, contra as tentativas de aproveitamento político do PSD”, lê-se numa nota emitida pelos socialistas, depois de ter sido chumbada uma visita aos territórios afetados pelos incêndios proposta pelo PSD.

A visita tinha como objetivo, segundo o PSD, “descobrir a verdade sobre os apoios e o ponto de situação real”, com os social-democratas a acreditarem que estariam “a homenagear as vítimas e a honrar os portugueses que generosamente contribuíram para diminuir o impacto deste flagelo, com os seus donativos”. No entanto, o grupo parlamentar do PS entende que a proposta é “puro taticismo político” para gerar suspeição sobre as vítimas.

“Para o PS, sem prejuízo do cabal esclarecimento sobre o procedimento de atribuição de fundos, não há nem haverá qualquer contributo para desrespeitar as vítimas dos incêndios e, por isso, estará sempre contra qualquer proposta que vise agudizar suspeitas indiscriminadas sobre as mesmas, ou fazer reviver gratuitamente o momento de tragédia como o que se viveu em 2017”, argumenta o PS.

Os socialistas acrescentam ainda que o PSD não foi capaz de “explicar as vantagens” da visita para o objeto da comissão de inquérito e sublinham que, “desde o primeiro momento, o PS contestou a visão do PSD de suspeita generalizada sobre os beneficiários dos apoios atribuídos num momento muito duro para aquelas populações, refutando a desconfiança que parece imperar sobre estas famílias”.

“A realização de uma visita ausente de qualquer fundamento consistente no seio da comissão de inquérito ultrapassa o objeto da comissão, colocando as vítimas numa posição, que o PS recusa totalmente, de serem confrontadas com o reviver do momento e com o facto de estar a ser posta em causa a regularidade do processo de reconstrução das suas habitações destruídas nos incêndios”, indica o PS.

Já o PSD considera que é “de extrema importância” para a “concretização da investigação” que “se realize esta visita ao terreno para aferir a situação real das pessoas e bens afetados”. Isto porque, explica o PSD, a comissão foi criada para saber se os “apoios foram suficientes” e chegaram aos mais carenciados e “em que moldes contribuiu o Estado para esta salvaguarda e proteção de pessoas e bens”.

A proposta de uma visita aos territórios afetados pelos incêndios foi apresentada na passada terça-feira na comissão de inquérito aos incêndios de 2017 na zona do Pinhal Interior, mas não chegou sequer a ser formalmente apresentada a votação, com a recusa imediata do PS. A ideia era que a visita se realizasse em setembro, no início da nova sessão legislativa. Também o Bloco de Esquerda (BE) manifestou intenção de se abster.

A comissão foi proposta pelo PSD com vista “apreciar o processo de atribuição de apoios à recuperação de habitações, de empresas, de equipamentos públicos e privados e da reposição do potencial produtivo da região”. Em causa um fundo de donativos particulares que ronda os 7 milhões de euros, que os social-democratas consideram que foram atribuídos de forma pouco transparente.

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