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PSD acusa Pedro Nuno Santos de transformar a TAP “num autêntico filme de terror”

“Estamos a ter uma tempestade perfeita” na TAP, num momento em que, a meio do processo de negociação da restruturação da companhia aérea portuguesa com Bruxelas, o “ministro da tutela é totalmente desautorizado pelo primeiro ministro”, afirmou esta tarde o deputado do PSD, Paulo Neves, numa audição ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
  • Cristina Bernardo
15 Dezembro 2020, 19h45

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, esteve esta tarde debaixo do fogo cruzado das perguntas dos deputados do PSD na audição realizada na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, a propósito da restruturação da TAP que o Governo está a negociar em Bruxelas com a Comissão Europeia. Paulo Neves, deputado do PSD, questionou primeiro se são “salvaguardados os voos da TAP para a Região Autónoma da Madeira” e se serão mantidos “preços razoáveis” para os respetivos bilhetes, considerando, a seguir, que Pedro Nuno Santos “transformou o episódio da TAP num autêntico filme de terror”, alegando o “fundamentalismo ideológico com que o Governo reverteu a privatização da TAP”.

O deputado do PSD considera que “estamos a ter uma tempestade perfeita” na TAP, num momento em que, a meio do processo de negociação da restruturação da companhia aérea portuguesa com Bruxelas, o “ministro da tutela é totalmente desautorizado pelo primeiro ministro”. “Nem tem o colinho do primeiro ministro, nem do presidente do parlamento”, comentou ainda o deputado, considerando que Pedro Nuno Santos “está sem sensibilidade social, porque despede à farta” e ainda tem – diz o deputado do PSD – o “mau gosto de falar nos vencimentos dos pilotos, quando o Estado sabe perfeitamente disso, porque já detém a participação na TAP há algum tempo”

O deputado Olavo Câmara, do PS Madeira, perguntou “como é que um país como o nosso pode vencer sem uma companhia de bandeira como a TAP?” “A Madeira não consegue viver sem as ligações da TAP”, por isso, diz, temos de “garantir o princípio da continuidade territorialidade nacional”.

A deputada Sofia Matos, do PSD questionou se neste processo de restruturação da TAP foi salvaguardada a “importância do aeroporto Francisco Sá Carneiro”, “muito relevante para as empresas mais exportadoras”, sobretudo nas “ligações mais fortes à diáspora portuguesa no norte do país” e em todas as “ligações estratégicas ao Porto”. Se não for o caso, diz a deputada, os contribuintes nortenhos deveriam “abster-se de pagar os quase 4000 milhões de euros por esta invenção na TAP”.

A deputada Filipa Roseta, do PSD, pediu dois esclarecimentos muito curtos sobre se “há alguma referência ao aeroporto de Lisboa na proposta de plano para a TAP entregue a Bruxelas” e se o ministro das Infraestruturas confirmava que “não há nenhuma maneira de David Neeleman avançar com um pedido de indemnização”

Lara Martinho, do PS, referiu que “TAP é importante para os Açores”, questionando o impacto que esta restruturação da TAP “terá no serviço prestado aos Açores”, considerando que deve continuar a assegurar uma “oferta robusta para as regiões autónomas de forma a assegurar a coesão territorial”. Sobre a SATA, a deputada do PS considera que “não tem lógica que as duas companhias aéreas concorram entre si”, devendo salvaguardar “os interesses das regiões autónomas”.

Jorge Mendes, deputado do PSD, comentou que “já vi o senhor ministro mais animado”, mostrando-se admirado pelo facto da “bancada do PS reclamar o apoio do PSD nesta matéria”, adiantando que neste discussão se tem falado muito do hub de Lisboa, “mas esquecem-se do aeroporto do Porto e do de Faro”.

Em resposta às perguntas dos deputados, Pedro Nuno Santos, afirmou que o debate sobre a restruturação da TAP é feito “sem qualquer censura”, adiantando que “quanto tivermos um documento final que possa ser implementado e não uma proposta de negociação da reestruturação, tentaremos apresentar o que é o fundamental do plano para a TAP” e garantindo que “um plano de restruturação demora muito tempo a ser feito” e que até agora “nada está prejudicado”. O ministro das Infraestruturas considera que “não podemos deixar de fazer a restruturação que é imprescindível ser feita na TAP”

“Precisamos que a SATA e a TAP possam cooperar e coordenar. A TAP foi sendo subfinanciada ao longo dos anos. Há 21 anos que o Estado não metia um cêntimo na TAP, mas isso não invalida que a TAP não tenha ineficiências que têm de ser resolvidas”, referiu Pedro Nuno Santos, sublinhando que “nós estamos a trabalhar para que a TAP exista, para servir o país e a economia nacional.

Sobre as afirmações do deputado Paulo Neves, do PSD, – “a empresa estava a funcionar bem”, “o ministro despede à farta” e “vamos lá meter 3000 e 4000 milhões de euros”, Pedro Nuno Santos questionou repetidamente o deputado do PSD: “Quer a TAP ou não quer? Quer ou não quer a TAP?”

À deputada Sofia Matos, o ministro confirma que “é verdade que falo da TAP com um brilhozinho nos olhos. E acredito na TAP no Porto, porque sou um homem do norte. Quanto temos as feiras em Milão temos os aviões a abarrotar”, referiu. Sobre a variação no número de saídas na TAP, Pedro Nuno Santos respondeu que “estão despedimentos em causa e é difícil fazer isto de forma ligeira”. “Estou a fazer coisas que em condições normais não gostaria de fazer”, sublinhou.

Quanto à baixa atividade nos voos do aeroporto do Porto, o ministro disse aos deputados para irem ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, “e também vão ver aviões parados”. Pedro Nuno Santos referiu que o problema da TAP é semelhante ao de outras companhias aéreas europeias, até ao das maiores, como a  “Lufthansa, que tem a mesma estratégia da TAP, que tem o mesmo negócio da Lufthansa, e que é o de alimentar o hub de Lisboa, enquanto a Lufthansa alimenta o hub de Frankfurt. A Lufthansa está a alimentar o hub, como nós fazemos para São Paulo ou Nova Iorque. Mas a TAP também tem um papel no aeroporto do Porto”, sublinhou o ministro, esclarecendo que “vamos aproveitar a atividade da Portugália para aumentar o movimento do aeroporto do Porto”.

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