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PSD Azambuja apelida de limpeza matança de 540 animais no concelho para construção de central fotovoltaica

A concelhia do PSD na Azambuja alerta para o perigo do concelho se tornar inundado por estes projetos, alguns de dimensão “despropositada”, e faz saber que apresentará uma queixa formal à Procuradoria-Geral da República, ao Presidente da República e ao Presidente da Assembleia da República.
22 Dezembro 2020, 19h51

O PSD Azambuja alega que a matança de 540 animais na Quinta da Torre Bela se deve à construção de uma mega central fotovoltaica no terreno em questão, que tem levado a uma limpeza do terreno, primeiro da sua flora e agora da sua fauna. A ideia foi expressa num comunicado desta terça-feira pela concelhia local do partido.

“Não tem nada a ver com caça, tem a ver com a mortandade de animais que estão indefesos dentro de uma propriedade murada onde a floresta que os protegia e alimentava desapareceu”, esclarece ao Jornal Económico o vereador social-democrata Rui Corça.

Os sociais-democratas alertam para os projetos desenhados para a instalação de painéis fotovoltaicos no concelho, um dos quais previsto para o terreno em questão. Na Quinta da Torre Bela prevê-se a instalação de 638 mil painéis numa área de 775 hectares, algo que contraria o Plano Diretor Municipal.

Mencionando pressões pelo Governo de António Costa junto da Câmara Municipal da Azambuja, a concelhia local do PSD defende assim que o processo de limpeza do terreno já começou, depois de ter sido aprovada a declaração de interesse público que permite a instalação daqueles equipamentos na Torre Bela. O PSD votou contra esta decisão.

“A questão das fotovoltaicas na Azambuja está a colocar-se de forma muito relevante, uma vez que já há na câmara uns oito ou 10 projetos do género”, sublinha Rui Corça. Destacando que o partido nada tem contra iniciativas do género, o vereador defende também que o concelho nada tem a ganhar com estes projetos de dimensão “despropositada”.

Outro dos projetos, este de 200 hectares promovido pela Iberdrola, também foi alvo de críticas, lembrando o PSD que a central em questão está planeada para um local “que é Reserva Agrícola Nacional”.

“Abrindo estes dois precedentes arriscamos ter rapidamente o concelho inundado deste tipo de centrais, porque a Azambuja é muito apetecível por se encontrar estrategicamente colocada junto dos pontos de entrega de energia, em Rio Maior e na central termoelétrica do Carregado”, antevê o vereador.

Além disto, o comunicado do PSD argui que a revogação imediata da licença de caça anunciada esta terça-feira pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, apenas facilita a instalação do projeto em questão, já que “elimina uma das condições pelas quais a Quinta da Torre Bela está inibida de concretizar o projeto pelo Plano Diretor Municipal de Azambuja, nomeadamente como área de desenvolvimento turístico”.

“Parece que estão [o Governo e o ministro do Ambiente] a fazer uma coisa boa, mas o que fazem é facilitar a vida ao promotor, que não quer lá caça turística, mas sim instalar painéis solares”, defende Rui Corça, que aproveitou também para reforçar o empenho do Governo nesta obra.

“Pelos objetivos do Governo esta central é muito relevante, corresponde a um sexto das metas de longo prazo para este tipo de produção, ao produzir 100 dos 600 megawatts (MW) que foram leiloados”, reforça o vereador pelo PSD.

A concelhia do partido faz ainda saber que apresentará uma queixa formal junto da Procuradora-Geral da República, bem como uma reclamação endereçada ao Presidente da República e ao Presidente da Assembleia da República.

O abate de 540 animais, sobretudo javalis, gamos e veados, na Quinta da Torre Bela, na Azambuja, tem levado a críticas de vários sectores, incluindo partidos políticos, organizações de proteção ambiental e de caçadores, e da sociedade civil em geral. Já deu entrada no Ministério Público uma queixa-crime relativa a este acontecimento, sendo que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas também já abriu um inquérito.

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