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PSD: Surpreendido com “apatia” dos sociais-democratas Cavaco diz que é “fundamental acordá-los”

O antigo presidente do PSD lamentou a “apatia” recente dos militantes do partido. Cavaco Silva criticava o facto de o PSD ter estado cerca de cinco meses “sem líder”, entre as legislativas de 30 de janeiro e as eleições diretas do passado fim de semana.
4 Junho 2022, 10h19

O antigo presidente do PSD, Aníbal Cavaco Silva, mostrou-se surpreendido com a “apatia” dos militantes sociais-democratas, defendendo que “é fundamental acordá-los” e considerando que o partido devia “elogiar o trabalho” do antigo líder Pedro Passos Coelho.

Em entrevista à CNN Portugal, conduzida pela jornalista Maria João Avillez, transmitida na CNN Portugal, Cavaco Silva, que foi presidente do PSD durante uma década, lamentou a “apatia” recente dos militantes do partido.

Cavaco Silva criticava o facto de o PSD ter estado cerca de cinco meses “sem líder”, entre as legislativas de 30 de janeiro e as eleições diretas do passado fim de semana.

“E enquanto isso o que é que acontecia? A pandemia, a guerra na Ucrânia, havia o Orçamento do Estado, o programa de Governo, o Programa de Estabilidade e o PSD não contava, não contava porque não havia líder, eu não consigo entender. Naquele tempo em que eu conheci o PSD com militantes muito enérgicos, muito dinâmicos, eu penso que se fosse nesse tempo, ocorreria uma revolução dos militantes, que se levantavam”, disse.

E vincou: “Surpreende-me muito esta apatia dos militantes do PSD. É fundamental acordá-los”.

Cavaco Silva reconheceu que “nas últimas eleições legislativas as coisas não correram bem para o PSD”, uma vez que os eleitores não viram o partido como “uma verdadeira alternativa ao PS” e encaminharam os seus votos “para outros partidos ou mantiveram no próprio PS”.

Na opinião do antigo primeiro-ministro – entre 1985 e 1995 – “era claro desde o início que o PS estava voltado para o PCP e para o BE e nunca faria qualquer reforma que o país precisa, e precisa muito, com o partido da oposição”.

“E, portanto, surgiram dúvidas sobre se o PSD era ou não era uma alternativa credível ao PS e se consideravam ou não que o PS era o seu adversário político”, afirmou.

Por outro lado, continuou Cavaco Silva que se mostrou “chocado”, o PSD “não denunciou” a “desinformação e as mentiras do PS, e de alguma comunicação social, em relação ao governo do doutor Passos Coelho”.

“O PSD devia elogiar o trabalho que foi feito pelo governo do doutor Passos Coelho porque foi o governo socialista que negociou aquele duríssimo programa de austeridade com o FMI, com a chamada ‘troika’ e o governo do doutor Passos Coelho tentou atenuar a austeridade que o PS negociou com essas instituições e tirou o país da situação da bancarrota, colocou-o numa trajetória de crescimento económico que o Governo que se seguiu da geringonça não soube tirar proveito”, defendeu.

Quanto ao futuro do partido, Cavaco Silva considerou que as eleições diretas do último fim de semana, que deram a vitória a Luís Montenegro, foram “um confronto entre dois bons candidatos”.

Lembrando que trabalhou com Jorge Moreira da Silva quando era Presidente da República – que foi seu consultor para as áreas da ciência e ambiente entre 2006 e 2009 – Cavaco Silva elogiou o “debate civilizado” entre os dois, sem “insultos de parte a parte” e com “respeito”.

Para Cavaco Silva, Luís Montenegro é agora “o presidente de todos os sociais-democratas”, esperando que “siga uma estratégia que tenha em conta o novo quadro partidário que surgiu depois das eleições de 30 de janeiro”.

Questionado diretamente sobre a liderança do líder social-democrata cessante, Rui Rio, Cavaco Silva escusou-se a comentar. “Desculpe que repita: o doutor Rui Rio é passado, agora devemos olhar para a o futuro, e eu olho de forma positiva para o futuro naquilo que concerne à nova liderança do PSD”.

Rui Rio confirmou em 3 de fevereiro que iria deixar a liderança do PSD na sequência da derrota eleitoral das legislativas de 30 de janeiro, mas Luís Montenegro – eleito em diretas no passado sábado com 72,5% dos votos contra Jorge Moreira da Silva – só assumirá funções plenas depois do Congresso do PSD, que se realiza entre 1 e 3 de julho.

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