PSI encerra sessão em queda com Sonae a contrair mais de 7%

Em novo dia em que foi possível observar instabilidade no sector bancário, a bolsa de Lisboa terminou a sessão em queda, seguindo a tendência comum aos principais índices europeus, arrastadas pelo sentimento negativo que se vive em Wall Street, com mais problemas ligados ao First Republic Bank.

A bolsa de Lisboa fechou a sessão desta sexta-feira, 17 de março, a tombar 2,42%, para 5.724,12 pontos, o que significa um resultado ainda mais negativo que os principais índices europeus, todos eles no ‘vermelho’.

A maior queda foi registada pela Sonae, que perdeu 7,77%, com cada título a valer 96 cêntimos ainda a digerir a apresentação de contas. A desvalorização foi expressiva ao ponto de a dona do Continente ter registado o pior dia em bolsa dos últimos três anos.

Entre as maiores perdas está também a Greenvolt (-6,29% para 6,70 euros), seguidos de perto pelos CTT – Correios de Portugal, que contraíram 6,11%, para 3,38 euros, após a apresentação de resultados do ano passado, que não impressionaram os analistas. Os lucros do operador postal caíram 5,2% para 36,4 milhões de euros em 2022, comparativamente ao ano anterior, embora os rendimentos operacionais do grupo liderado por João Bento tivessem tido um crescimento de 6,2% para 906,6 milhões de euros.

No término das negociações da semana, negociou ainda em baixa o BCP (-4,67%) para 18 cêntimos, em mais um dia negativo para o sector bancário, assim como a EDP Renováveis, cujas ações resvalaram 3,16%, para 19,94 euros.

A Galp foi a única cotada no PSI a valorizar. A energética ganhou 0,63%, para os 9,89 euros, ignorando a queda dos preços do barril de petróleo. O brent desvalorizou 2,13% e o barril custa agora 73,11 dólares, ao passo que o crude regista um decréscimo de 2,00%, para os 66,98 dólares por barril.

Entre os índices europeus, todos terminaram a última sessão da semana em terreno negativo, com o IBEX 35 (Espanha) a registar a maior desvalorização, de 1,92%, para 8.719,30 pontos. Segue-se o FTSE MIB (Itália), com uma perda de 1,64%, para 25.494,54 pontos, ao passo que o CAC 40 (França) derrapou 1,43%, para 6.925,40 pontos. O DAX (Alemanha) tombou 1,33% e foi de fim de semana com 14.768,20 pontos, ao passo que o FTSE 100 (Reino Unido) perdeu 1,01%, para 7.335,40 pontos.

“O PSI recuou mais de 2%, arrastado pela forte perda da Sonae (-7,8%), depois de ter imposto limitação a preços de produtos, bem como pelas perdas acima dos 6% de Greenvolt e CTT, este em reação a contas. O BCP (-4,7%) não escapou ao sentimento da banca, apesar de ter visto a Fitch elevar o seu rating de dívida de longo prazo”, destacou o trader do BCP, numa nota de mercado.

O analista Ramiro Loureiro assinalou ainda “o aumento de perspetivas de crescimento económico trazido pelo outlook da OCDE, mas que em contrapartida elevou a estimativa de inflação core de 2023, para um patamar superior ao que o BCE [Banco Central Europeu] tinha estimado na quinta-feira, o que pode também ter impactado negativamente no sentimento”.

“As bolsas europeias inverteram o sentimento matinal e encerraram em baixa superior a 1% na maioria dos principais índices de ações. O sector da banca voltou a sentir instabilidade, arrastado pelo comportamento que se vive em Wall Street, onde o First Republic falha em convencer depositantes e investidores e tomba mais de 25%”, escreveu o porta-voz do Millenium Investment Banking na research desta tarde.

Ramiro Loureiro mencionou ainda o facto de, na Europa, o Credit Suisse ter voltado às quedas, no dia em que surgiram notícias de que o banco suíço poderá enfrentar “reivindicações de ação coletiva num caso de alegada fraude complexa em 2018 para afundar um veículo de investimento vinculado ao fear index de Wall Street e lucrar com as perdas dos investidores”.

Em relação à performance das moedas (‘forex’), o euro valorizou 0,60% face ao dólar, com um euro a corresponder a 1,0669 dólares.

Notícia atualizada às 18h55

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