O PTP sugeriu a implementação de um inquérito para as saídas do Governo da Madeira, depois de Sérgio Marques, atual deputado eleito pelo PSD Madeira para a Assembleia Legislativa da República, ter dito, ao “DN”, que o empresário Avelino Farinha o conseguiu afastar do executivo regional.
Sérgio Marques esteve no executivo regional presidido por Miguel Albuquerque como secretário regional.
“No nosso arquipélago, em vez de um inquérito para a entrada de membros no governo é preciso um para a saída, ao contrário, do que se passa na República. Quando são convidados a abandonar o cargo, normalmente, é porque pisaram os calos dos lobbies que controlam o partido do poder. Nas decisões de quem fica e quem sai, o bom serviço à população é a última coisa a se ter em conta”, considera Raquel Coelho.
“Pena é que os nossos governantes, só abrem a cortina para o que se passa nos bastidores quando são saneados, porque enquanto estão em funções, deixam passar toda a sorte de arbitrariedades que acabam incólumes e impunes”, criticou a dirigente trabalhista.
Em declarações ao “DN” Miguel Sousa e Sérgio Marques admitem “obras inventadas” na Madeira.
Sérgio Marques admitiu também ao “DN” que “esta governação social-democrata” levou a que se afirmassem quatro ou cinco grupos económicos, que acumularam “muito poder”, identificando Sousa, Avelino, Pestana, Trindade e Trindade/Blandy. “E principalmente dois grupos […], o Luís Miguel Sousa, com quem eu trabalhei oito anos, e o Avelino Farinha acho que foram os mais beneficiados da governação regional”, disse à mesma publicação.
O social democrata continua referindo que estes grupos foram “muito protegidos” e cresceram “muito à conta dos negócios” com a região, acrescentando que “acumularam muito poder” e “começaram a condicionar a governação”.
Sérgio Marques acusa Luís Miguel Sousa de ter conseguido afastar Eduardo Jesus do Governo porque este tinha uma agenda para “reformular o porto” e que Avelino Farinha o “consegue afastar das obras públicas. Ele não queria que eu saísse do governo, ele queria era só afastar-me das obras públicas”.
O social democrata acusa também “os grupos viram-se na necessidade de controlar os media regionais”, e admite que quando deixou o Governo “houve ali muito dedo de Alberto João Jardim”.
Raquel Coelho considera que as declarações de Sérgio Marques não surpreendem referindo que na Madeira “brigam as comadres descobrem-se as verdades”.
“Já há muito tempo que o PTP tem vindo a denunciar que a Madeira é controlada pelo poder económico, que põe e dispõe, desavergonhadamente, do governo e do orçamento regional”, diz Raquel Coelho.