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Putin desvaloriza sanções e agradece saída de empresas estrangeiras do país

Putin classificou a invasão da Ucrânia como um ponto de viragem na história russa: uma revolta de Moscovo contra os Estados Unidos, que afirma ter humilhado a Rússia desde a queda da União Soviética em 1991.
26 Maio 2022, 16h27

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, agradeceu esta quinta-feira, 26 de maio, a saída de algumas empresas estrangeiras do país por considerar que o movimento ajudará a impulsionar as congéneres domésticas. O líder do Kremlin garantiu ainda que Moscovo encontrará maneiras de adquirir tecnologia avançada e bens de luxo, avança a “Reuters”.

Putin classificou a invasão da Ucrânia como um ponto de viragem na história russa: uma revolta de Moscovo contra os Estados Unidos, que afirma ter humilhado a Rússia desde a queda da União Soviética em 1991.

Além da morte e dos horrores provocados pela guerra, a tentativa do ocidente de isolar a Rússia como punição prejudicaram o crescimento económico global e desencadearam uma onda de inflação à medida que os preços de grãos, óleo de cozinha, fertilizantes e energia disparam.

Desde o inicio da guerra, uma série de grandes empresas estrangeiras, desde a energética BP à McDonald’s, abandonaram o país numa altura em que a economia russa enfrenta a sua pior contração desde os anos que se seguiram ao turbulento colapso da União Soviética.

“Às vezes, quando olhamos para aqueles que vão embora, dizemos ‘graças a Deus’. Vamos ocupar os seus lugares com os nossos negócios, produções e estaremos seguros ao lado dos nossos parceiros”, afirmou Putin, durante uma videoconferência com líderes de ex-Estados soviéticos.

O presidente russo mostrou-se bem-disposto, ao dizer que os “Mercedes preferidos pelos bandidos no caos da Rússia pós-soviética ainda estão disponíveis”, embora tenha admitido que poderiam ficar um pouco mais caros.

Putin referiu que a Rússia continua a precisar de ter acesso às tecnologias avançadas das economias desenvolvidas. “Nós não vamos isolar-nos disso, eles querem espremer-nos, mas no mundo moderno isso é simplesmente irreal, impossível”. Ainda assim, o líder do Kremlin não avançou com detalhes sobre como planeia manter o acesso ao software produzido por países ocidentais.

Ao sublinhar que as economias ditas “desenvolvidas” enfrentam uma “espiral inflacionária”, o presidente russo prometeu que as tentativas ocidentais de isolar a Rússia resultarão na quebra das cadeias de abastecimento e numa crise alimentar, à medida que a ordem económica global “muda para a Ásia”.

Apesar de as sanções ocidentais estarem a alimentar a inflação na Rússia, Putin apressou-se a esclarecer que o país “está a lidar bem” com isso e que a Rússia está a afastar-se do ocidente em favor da China, Índia e outras potências.

“Os representantes das nossas empresas enfrentam problemas, é claro, especialmente na área de cadeias de abastecimento e transporte. No entanto, tudo pode ser ajustado, tudo pode ser construído de uma nova maneira”, referiu Putin.

“Não sem perdas em certa fase, mas isso ajuda-nos, de certa forma, a ficar mais fortes. De qualquer forma, estamos a adquirir novas competências e a começar a concentrar os nossos recursos económicos, financeiros e administrativos em áreas de rutura”, acrescentou.

O banco central da Rússia reduziu a sua principal taxa de juros para 11% esta quinta-feira e antecipou mais cortes este ano, à medida que a inflação desacelera de mais de 20 anos e a economia caminha para uma contração.

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