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Putin “inventa” champanhe russo e obriga produtores franceses a pôr no rótulo das garrafas “vinho espumante”

Rússia criou uma lei na qual só é permitido o uso da palavra “shampanskoye” nas garrafas dos produtores locais. Moët Hennessy e outras empresas que fabricam na região de Champanhe lamentam ataque à indústria.
6 Julho 2021, 21h53

O presidente russo criou uma lei polémica que está a chocar os franceses e o sector das bebidas em particular. Vladimir Putin estabeleceu uma nova regra na qual os produtores estrangeiros têm de escrever no verso das garrafas “vinho espumante” – incluindo os franceses e o seu champanhe. Ou seja, só os produtores russos podem chamar às suas bebidas “shampanskoye” (champanhe).

A França – que produz cerca de 231 milhões de garrafas de champanhe por ano – não gostou da decisão da Rússia, até porque é bastante rígida na proteção do seu espumante e garante que só pode ser chamado champanhe àquele que é da região de Champagne, até porque é onde o terroir (terreno para cultivo) permite criar as especificidades da bebida, feita através das castas chardonnay, pinot noir, meunier, arbane, petit meslier, pinot blanc ou pinot gris.

“O Comité de Champagne lamenta o facto de que esta legislação não garanta que os consumidores russos tenham informações claras e transparentes sobre as origens e características do vinho”, referiram Maxime Toubart e Jean-Marie Barillere, co-presidentes de um grupo empresarial do sector.

A maior empresa francesa da indústria, do grupo LVMH, também considera a lei russa inaceitável e geradora de perdas avultadas. A Moët Hennessy, fabricante dos Moët & Chandon, viu-se obrigada a suspender as entregas para a Rússia este fim de semana para conseguir anexar o tal rótulo de “vinho espumante” nas garrafas que ia exportar e cumprir a lei.

A Rússia importa quase 50 milhões de litros de espumante por ano. O champanhe francês representa 13% dessa percentagem e a Moët Hennessy em concreto 2%.

Apesar de os produtores franceses estarem autorizados a utilizar a palavra “champanhe” na parte frontal das garrafas, o governo gaulês não desvalorizou o ataque ao sector. Esta terça-feira, o ministro da Agricultura de França, Julien Denormandie, reiterou que só os donos das vinhas em Champagne é que podem utilizar esse nome. “Consegue imaginar a reação das autoridades francesas. A palavra champanhe vem daquela bela região de França onde o champanhe é produzido”, reforçou o ministro, em declarações à rádio Sud.

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