Duas moedas com o mesmo nome têm estado no centro das atenções, embora pouco ou nada tenham em comum – a libra esterlina e a libra Facebook. Prevê-se para ambas um futuro conturbado.

A moeda do Reino Unido tem desvalorizado quase diariamente e chegou a mínimos de seis meses face ao euro e de mais de dois anos em relação ao dólar. A cotação reflete o processo político delicadíssimo no qual o país se encontra e que tem levado a que grande parte do mercado simplesmente evite ter libras em carteira. Analisando séries longas, a moeda está historicamente desvalorizada, mas há motivos para isso.

O “deadline” de 31 de outubro parece diferente dos anteriores dado que os intervenientes serão outros, sobretudo no Reino Unido, mas também na União Europeia porque os mandatos da Comissão e do BCE terminam por essa altura. Portanto, o risco de o mercado temer o prior cenário, e castigar ainda mais a libra, existe.

A libra Facebook foi o assunto do dia na terça-feira quando David Marcus – ex-presidente da PayPal e atual VP do Facebook – defendeu o projeto perante o Comité de Serviços Financeiros do Congresso dos EUA. Os congressistas mostraram-se muito preocupados com dois tipos de temas: a) o histórico do Facebook quanto a tratamento de dados, privacidade e segurança, e b) os riscos inerentes em temos de estabilidade financeira, evasão fiscal, lavagem de dinheiro e cumprimento de sanções.

Dias antes, Trump, Powell e Mnuchin criticaram duramente o projeto. O FMI também mostra reservas, embora reconheça que a libra pode ajudar na inclusão financeira a nível global. A atitude das autoridades perante a moeda do Facebook poderá finalmente revelar o que pensam acerca dos sistemas monetários alternativos, nomeadamente os que assentam em blockchain.