[weglot_switcher]

Quando o teatro une vontades mostra o melhor que há em “nós”

Ser refugiado não é uma condição que alguém deseje. Mas todos nós, humanos, queremos ser compreendidos. “Une Histoire Bizarre” reúne hoje em palco 14 pessoas de nove países diferentes que querem isso mesmo: ser parte da sociedade. Ser um de nós.
11 Junho 2022, 12h00

Raramente as histórias de vida de refugiados e migrantes têm cores suaves. Por norma são duras e trazem nuvens negras no seu rasto. Fogem a guerras, à miséria, a perseguições políticas. Mas falamos de pessoas, do Outro que, tal como qualquer um de nós, sofre, ri, partilha, abraça, anseia, procura dar sentido à vida.

Empatia será, talvez, uma expressão transversal à peça “Une Histoire Bizarre”, que sobe ao palco do Auditório Municipal Ruy de Carvalho, em Carnaxide, Oeiras, hoje, dia 11, pelas 21h00. Sem empatia não conseguiremos sentir o Outro, perceber o Outro. É esse o desafio que 14 pessoas de nove países diferentes aceitaram e vão partilhar com o público. Contar as suas histórias, na sua língua, com os seus gestos, numa experiência de criação artística que quer ir além da simples narrativa.

Lana Alqarnwi, Márcia Dava e Rawaa Eltoum são quatro dos refugiados e migrantes que integram o elenco de “Une Histoire Bizarre”. Vieram para Portugal por diversas razões, mas todas sentem que tem sido uma adaptação difícil, em particular no que respeita à compreensão e aprendizagem da língua portuguesa à procura de emprego.

A sudanesa Huwaida Sorag também sublinha a dificuldade que é arranjar trabalho. Ela, que fugiu à guerra no seu país para que as suas filhas possam estudar, gostaria de poder dar continuidade ao seu trabalho. No Sudão era diretora de uma organização que ajudava mulheres e crianças. Em Portugal, aguarda há três anos que a situação escolar das filhas seja regularizada.

Há muitas histórias no feminino nesta peça. A ucraniana Marina Burdieieva, refugiada de guerra, foi a última a integrar o elenco. Para esta terapeuta da fala, as palavras, que sempre foram importantes, ganharam maior relevo agora em contexto de guerra.

Foi precisamente da partilha de palavras, memórias, histórias, canções, danças, poemas e textos originais, pelos intérpretes nas suas diferentes línguas que foi nascendo “Une Histoire Bizarre”, ao longo dos vários ensaios. O resultado é agora mostrado em palco.

Narrada na língua original de cada um dos intérpretes, e com tradução para português, a peça tenta contar como é partir, como se viaja, o que é chegar e recomeçar. E também se dá conta de como são recebidos, acolhidos. Talvez o exercício aqui seja pensar que “podíamos ser nós”.

Reservas através de unehistoirebizarre@gmail.com ou 919055432.

 

Intérpretes
Alafraa Eltoum Sudão | Ali Zain Paquistão | Bushra Shhadah Síria | Faribourz Najarzadeh Irão | Huwaida Sorag Sudão | Lana Alqarnwi Iraque | Mahdi Qarbani Afeganistão | Márcia Dava Moçambique | Marina Burdieieva Ucrânia  | Modou Lamin Gâmbia | Rawaa Eltoum Sudão | Saeideh Shekoshi Irão | Salomé Anukem Nigéria | Waad Eltoum Sudão.

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.