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Quase 100 mil pessoas trabalham em call centers

Em Portugal, as queixas sobre as más condições de trabalho levaram a que os partidos se mostrassem disponíveis para alterar a lei.
  • Brian Snyder/Reuters
31 Outubro 2016, 13h14

A Associação Portuguesa dos Contact Centers (APCC) estima que os call centres empreguem entre 80 a 100 mil pessoas no território nacional. Conforme escreve o “Jornal de Notícias” desta segunda-feira, a profissão ocupa um peso cada vez maior, mas continuam a existir más condições de trabalho. Devido a esta situação, os partidos que suportam o Governo admitem mudar a lei.

Entre as queixas apresentadas por Danilo Moreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Call Center, está a falta de progressão na carreira ou a rígida supervisão, pressão e instabilidade do trabalho. Também o assédio moral é exposto como um dos problemas no setor pelo dirigente sindicalista.

Os representantes destes trabalhadores afirmam ao JN que pretendem que a profissão seja considerada de desgaste rápido, que haja limitação nas razões para contratar em regime de trabalho temporário, que exista mais tempo entre chamadas e que a fiscalização seja mais exigente.

Os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional indicam que é na capital que se concentra o maior número de empresas de trabalho temporário licenciadas: 101. O Norte conta 78, o Centro 14, a Madeira 9 e o Algarve e Alentejo 8, cada.

Jorge Pires, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Contact Centers, admite que “é profundamente injusto que o setor seja julgado pelas exceções”. Na sua opinião, o trabalho é gerido ao segundo mas garante tempo de descanso e pagamento acima do salário mínimo. “As pessoas podem estar convencidas de que tudo é igual, mas não é”, acrescenta.

Entre 2015 e 2016, a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego recebeu dez queixas relativas a empresas de trabalho temporário e call centres. Dessas, quatro referiam-se ao despedimento de mulheres grávidas, puérperas ou lactantes, e de um trabalhador em licença parental. As outras incidiam sobre a flexibilidade de horário de trabalho de trabalhadores com filhos até aos 12 anos ou com deficiência.

A Autoridade para as Condições no Trabalho fez 431 inspeções que detetaram 17 situações irregulares, no ano passado. Até junho de 2016, as 350 inspeções detetaram falhas como trabalho não declarado, organizações dos horários, salários e falta de seguro de acidentes de trabalho ou exames de saúde.

No próximo mês de novembro, Tiago Barbosa Ribeiro, do PS, quer ouvir os trabalhadores e José Soeiro, do BE, pretende apertar a fiscalização. Segundo o JN, ambos garantem estar empenhados na melhoria das condições laborais nesta área.

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