O Reino Unido, ao apelar em 2016, à saída da União Europeia, suscitou uma nova esperança para quem há muito ansiava independência. Surpreendentemente, esta centra-se em questões simples. Queremos que Europa? Queremos alguma Europa? Questões estas levantadas pelos eurocéticos e pelos 17 milhões de Brexiteers que se encontram esgotados pela brutal centralização, soberania, falta de democracia, imigração descontrolada e perspetivas de deterioração de grande parte do sistema bancário da zona euro.

A disfuncionalidade da União Europeia e a consequente estagnação dos países europeus colonizados pelo comunismo levou ao renascimento, maioritariamente do lado da Europa Central, de nacionalismos que procuram crescer e que testam os seus governos para responder inteligentemente às necessidades populacionais que, por sua vez, se encontram mais instáveis e afastadas do espetro político europeu. Note-se que o termo “populismo” tem sido utilizado fora de contexto e de forma extrema, a fim de esconder a contínua revolta da população que se sente moldada pelas políticas disfuncionais, não localistas e que, por seu turno, paralisam instituições europeias.

A fragilidade deste tipo de sistemas tem a inevitável consequência dos membros se deslocarem para os seus próprios limites e, desde modo, analisaremos o conflito presente no célebre Brexit e na sua saída em pleno Halloween, ou a 31 de janeiro se assim o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, decidir.

Qualquer que seja o resultado a 31 de outubro, a incerteza levou ao surgimento do The Independent Group (TIG), um partido liberal pró-europeísta aclamado de nova força centrista que, não obstante, a luta para preencher a lacuna de um partido desta ideologia, não fez com que o impasse do Brexit fosse ultrapassado.

Recorrendo à futurologia, o impacto a médio prazo é difícil de estimar, contudo, tendo em conta um cenário pessimista, o Reino Unido pode atingir níveis de desemprego significativos e semelhantes aos dos países de leste da UE. Adicionalmente, e contrariamente ao constatado pelos “Ultra-Brexiteers”, uma saída sem acordo representa um fracasso catastrófico da própria entidade política, que mais uma vez iludiria o seu eleitorado.

Por conseguinte, apesar do Brexit ser uma clara ameaça para a UE, o tempo para um segundo referendo certamente já passou, sendo que este não só suprimiria efetivamente os milhões que votaram, como também agravaria a crise política. O “Final Say” comete o absurdo erro de não resolver o que as principais forças políticas não previram, ou seja, o descontentamento da população não descai com uma continuação do statu quo.

Em suma, a perceção de uma União Europeia segura despedaçou-se aos olhos dos britânicos que, agora mais do que nunca, procuram uma solução para um Brexit favorável e que aspire à riqueza da nação.