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Que tal tirar um livro da estante?

Todos os pretextos são bons para tirar um livro da estante. É o que fazemos hoje, à boleia do Dia do Autor Português, que se celebra a 22 de maio. Festeje esta efeméride da melhor forma, isto é, devorando um livro.
21 Maio 2022, 10h30

Dia 22 de maio não é um dia qualquer. Tem um significado especial, feito de palavras enroscadas umas nas outras, pelo menos desde 1982, ano em que passou a assinalar-se nesta data o Dia do Autor Português, que pretende homenagear e destacar o papel dos escritores e escritoras no desenvolvimento da cultura. Mas não só. Também se pretende realçar a importância de desenvolver e reforçar hábitos saudáveis de leitura.

Apresentada a efeméride, talvez a melhor forma de a celebrar seja mesmo devorar um livro. Aqui ficam algumas sugestões.

 

“A Casa Grande de Romarigães”, de Aquilino Ribeiro, é tão-só um dos livros mais marcantes da literatura portuguesa do século XX e um marco no que respeita ao romance histórico na literatura europeia. Isto apesar de o autor, inicialmente, ambicionar escrever uma monografia ou uma história romanceada. Ainda bem que não o fez e que as peripécias dos Meneses de Montenegro o desviaram por outro caminho.

Uma edição da Bertrand, com prefácio do escritor Mário Cláudio e ilustrações do artista João Abel Manta, e apoio do Município de Paredes de Coura.

 

Teolinda Gersão situa “Cavalo de Sol” (Porto Editora) na terceira década do século XX, quando a heterossexualidade era reprimida por toda a espécie de convenções, e a homossexualidade tabu social e crime perante a lei. Um texto feminista que reflete sobre o discurso patriarcal tradicional.

 

“Prosa”, de Eugénio de Andrade, é mais um desafio superado pela Assírio & Alvim em antecipação ao centenário do nascimento do autor, que se celebra em 2023. Aqui se reúnem os livros que Eugénio de Andrade considerava serem a sua obra em Prosa: “Os Afluentes do Silêncio” (1968), “Rosto Precário” (1979), “À Sombra da Memória” (1993) e os três textos de “A Cidade de Garrett” (1993).

 

Joaquim Arena transporta o leitor para a ilha de Santiago, Cabo Verde. Estamos no início do século XIX e Siríaco, um ex-escravo negro trava amizade com o jovem Charles Darwin. De Cabo Verde para Portugal e Brasil, esta narrativa funde realidade e ficção e inspira-se numa pessoa real, Siríaco de seu nome, o “rapaz-tigrado”, educado na corte e integrado na chamada “corte exótica” da rainha D. Maria I. “Siríaco e Mister Charles” tema  chancela da Quetzal.

 

A Tinta da China deu à estampa “Revolução Portuguesa, 1974-1975”, volume que reúne as mais recentes contribuições historiográficas sobre as várias vertentes do processo revolucionário. Desde as origens do golpe militar e o desenrolar dos principais confrontos políticos, o poder popular e a Reforma Agrária, aos impactos económicos, descolonização e política externa, passando pela canção de protesto.

Com textos de: Fernando Rosas (coordenação), Maria Inácia Rezola, Manuel Loff, Albérico Afonso Costa, Fernando Oliveira Baptista, Ricardo Noronha, Hugo Castro, Pezarat Correia, Pedro Aires Oliveira.

 

Heróis japonês e samurai venerado, Miyamoto Musashi é também o autor de um clássico da estratégia e da arte da guerra, que poderá ser igualmente um guia para os que pretendem seguir o caminho do guerreiro: “O livro dos cinco anéis”. Dos muitos ensinamentos que deixa ao longo deste texto, um estará omnipresente, até pela importância que atribui ao foco na reflexão e no aperfeiçoamento prático contínuo. Passando a palavra a Musashi, “construa-se a si mesmo com mil dias de aprendizagem e aprimore-se com dez mil dias de prática”.

A leitura não só traz “mundo”, como traz também novas perspetivas, empatias, discordâncias, horizontes, ajudando à consciencialização da diversidade, da inclusão e tolerância. Boas leituras!

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