Queda do PIB em cadeia na Alemanha faz soar alarmes de recessão na zona euro (de novo)

O otimismo na zona euro pode ter sido precipitado, como deixam antever os dados da maior economia europeia, a alemã, no final de 2022. Apesar dos números positivos noutras frentes, a possibilidade de uma quebra na atividade da moeda única agravou-se seriamente esta segunda-feira.

O PIB alemão surpreendeu no último trimestre pela negativa ao registar um recuo em cadeia, o que voltou a fazer soar os alarmes da recessão na zona euro. As perspetivas tinham vindo a melhorar nos últimos meses, com vários indicadores a apontarem para um crescimento anémico que, ainda assim, afastava a possibilidade de contração económica, mas a performance da maior economia do bloco gera algum nervosismo para os números a divulgar esta terça-feira.

A maior economia europeia recuou 0,2% no último trimestre do ano, voltando a colocar-se em linha para uma possível recessão técnica, ou seja, dois trimestres seguidos de crescimento negativo. Como tal, o PIB da zona euro pode ter tido o mesmo comportamento, embora haja vários indicadores em sentido contrário.

À cabeça, outra das principais economias europeias, a espanhola, reportou já os números provisórios do final de 2022, tendo conseguido escapar à recessão. Com 0,2% de crescimento em cadeia, Madrid dá força ao bloco da moeda única e, embora sem registar um crescimento assinalável, deixa sinais de que a quebra da atividade pode não ter passado de um medo precipitado.

Acrescem vários dados de confiança económica dos últimos meses que apontam para uma melhoria das condições e, sobretudo, das perspetivas entre os agentes europeus. O índice de sentimento económico da Comissão Europeia, o mais recentemente divulgado, subiu bastante mais do que o esperado e chegou a 99,9, ou seja, quase fora de terreno de contração da economia (abaixo de 100).

As expectativas de inflação caíram, tanto do lado dos consumidores, como dos revendedores, embora os serviços tenham escapado a esta tendência; ao mesmo tempo, a pressão sobre a oferta está a diminuir devido a um abrandamento da procura, o que sinaliza uma provável quebra na produção.

Antes, os índices de gestores de compras (PMI) e indicadores de confiança Ifo e ZEW mostravam uma recuperação assinalável da confiança no Velho Continente, embora a avaliação dos agentes económicos da atual situação continuasse deprimida.

As expectativas do mercado e analistas estão agora colocadas num ligeiro recuo do PIB da zona euro em cadeia, colocando novamente o Banco Central Europeu (BCE) na delicada posição de encontrar um equilíbrio entre conter a pressão nos preços e não precipitar uma recessão profunda. A autoridade monetária europeia reúne-se esta semana e deve anunciar nova subida de 50 pontos base nos juros diretores da moeda única.

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