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Queda nos Vistos Gold: Atrasos burocráticos ou perda de investidores para outros países?

Reis Campo, presidente da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário questiona qual a razão que leva a que o Programa dos Vistos Gold em Portugal, conheça nos últimos dois meses quebras tão acentuadas.
  • Manuel Reis Campos – Foto cedida
14 Junho 2017, 13h07

Apesar de em termos acumulados e quando comparado com igual período do ano passado, os resultados ainda sejam positivos – 557 milhões, em 2017, contra 410 milhões, em 2016 –, a CPCI alerta para o facto de, em apenas dois meses, o volume mensal do investimento global captado se ter reduzido em 146 milhões.

Depois de uma quebra mensal de 59% em abril, regista-se nova diminuição de 44%. Em termos homólogos, também se verifica uma redução muito significativa, de 52%. Reis Campos, “considera esta situação preocupante, uma vez que, depois de um excelente primeiro trimestre, com um valor médio de investimento que se situou nos 144 milhões de euros, somos confrontados com dois meses, cuja média é de 62 milhões, ou seja, menos de metade”.

Com estes resultados, o presidente da Confederação questiona se esta realidade se deve a atrasos burocráticos, cuja rápida resolução se impõe ou à perda efetiva de investidores para outros países. O responsável alerta para o facto de “este Programa ter de continuar a ser encarado como uma importante mais-valia para Portugal e é imprescindível dar a conhecer as alterações recentemente introduzidas pelo Governo que, ao criar uma ‘Linha Verde para o investimento’ e ao tratar os pedidos como processos prioritários, pode reorientar os potenciais investidores para o nosso país”.

O responsável salienta que se em 2016 Portugal perdeu, para Espanha, a liderança em matéria de captação de investimento estrangeiro, que, com um total de 1,1 mil milhões, supera em 227 milhões o valor global captado para o nosso país, “há que recuperar a nossa posição e não correr o risco de nos vermos ultrapassados por países como a Grécia e o Chipre, só para falar no Sul da Europa”.

Reis Campos lembra ainda que para o crescimento da economia portuguesa verificado no último trimestre, foi decisivo o papel da construção e do imobiliário, muito à custa do bom desempenho do mercado imobiliário, onde se inclui o investimento estrangeiro, o responsável recorda também que “os resultados obtidos se estão igualmente a traduzir numa evolução bastante positiva ao nível do emprego assegurado pelo setor, uma vez que, também neste primeiro trimestre do ano e em termos homólogos, se verificou a criação líquida de 23.045 postos de trabalho”.

O presidente da CPCI salienta que a temática dos Vistos Gold não pode ser menosprezada, devendo ser abordada, de forma eficaz e imediata, “adotando as medidas necessárias para pôr fim à fuga dos investidores para outros países e recuperar uma liderança que era de Portugal, país cujas potencialidades são por demais reconhecidas”, conclui.

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