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“Quem é que vai pagar no final por mais despesa pública?”. Moscovici questiona Governo de Itália

“O Governo italiano deve dizer a verdade ao povo italiano. Mais despesa pública pode tornar-se popular durante um tempo, mas quem é que vai pagar no final?”, salientou o comissário europeu de Assuntos Económicos.
1 Outubro 2018, 19h54

O comissário europeu de Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, instou hoje o Governo de Itália a dizer a verdade aos italianos, questionando a credibilidade e solidez da proposta orçamental apresentada na semana passada.

À entrada para a reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, Moscovici insistiu que a decisão do Governo italiano de aumentar o défice para os próximos três anos até 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), está fora das regras europeias.

“O que sei, neste momento, é que a Itália apresentou um orçamento com um défice de 2,4% não apenas para o próximo ano, mas para os três próximos anos, o que é um desvio muito, muito significativo relativamente aos compromissos assumidos anteriormente. O Governo italiano deve dizer a verdade ao povo italiano. Mais despesa pública pode tornar-se popular durante um tempo, mas quem é que vai pagar no final?”, alertou.

O comissário europeu de Assuntos Económicos, que na quinta-feira já tinha criticado a proposta do Governo de Giuseppe Conte, voltou a manifestar as suas dúvidas, interrogando-se sobre se “esta política económica é correta, é credível, é sólida, e a mais eficaz para Itália?”.

“Vai ser preciso ver a proposta detalhada, mas com os números que já são conhecidos… não vejo como esses números são compatíveis com as nossas regras”, reforçou.

Moscovici disse ainda que a Comissão Europeia só irá reagir oficialmente depois de conhecer a proposta detalhada do Orçamento do Estado de Itália, que será entregue ao executivo comunitário em 15 de outubro.

“A Comissão, no seu papel, defende regras que não são absurdas, não são regras de austeridade, são sim regras protetoras dos cidadãos europeus e também dos italianos”, concluiu.

O Governo italiano acordou na quinta-feira aumentar o défice para os próximos três anos até 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), como pediam os dois partidos que formam o executivo de coligação, o Movimento Cinco Estrelas (M5S) e a Liga, e contra os avisos do ministro da Economia, Giovanni Tria, que não queria subir o défice acima de 1,6%.

A decisão surge no chamado Documento de Economia e Finanças (DEF), que Itália publica anualmente e que apresenta o quadro macroeconómico para o país para o ano em curso e os objetivos para o triénio seguinte.

Este DEF tem ainda de ser aprovado no parlamento, onde o M5S e a Liga têm maioria.

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