Desde os tempos mais remotos que comunicar se tornou uma necessidade básica para a evolução do homem. Basta começar por lembrar as primeiras pinturas rupestres, a descoberta egípcia do papiro, a invenção dos telegramas em 1844 ou, para dar um exemplo ainda mais recente, a criação dos telemóveis em 1973. Ao longo de milhares de anos, de facto as formas de comunicar têm sofrido profundas alterações, mas se há um dado antropológico imutável é o de que comunicar é essencial.

No campo das marcas e das empresas, que não é mais que o universo da transmissão de ideias, essa comunicação assume muitas vezes uma importância de escala ainda maior. Num mundo carregado de informação, onde somos assoberbados por ideias que não são necessariamente as nossas, comunicar e comunicar bem é determinante.

Nunca deveria por isso ser excessivamente fácil para as empresas e organizações decidirem cortar na comunicação. Comunicar representa um investimento, é certo. Mas esta atividade não pode ser vista como um mero custo ou apêndice. Pois, à falta de melhor razão, é ela que pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o insucesso na generalidade dos negócios e/ou atividades.

Hoje, mais que nunca, é fundamental preservar e por vezes aumentar fluxo de informação, tanto para fora, isto é, clientes e parceiros, como para os colaboradores internos.

A comunicação evolui de tal modo que hoje já é multicanal, permanente, apoiada em imagem, vídeo, conteúdos exclusivos e tailor-made. As lideranças que souberam abraçar uma mudança a este nível tão rápida como definitiva já estarão a colher os frutos dessa capacidade de ver o novo mundo. Os seus colaboradores estarão hoje mais inseridos e adaptados em tal ecossistema, entendendo de forma mais natural que a personalização de soluções, o contacto eficaz e o one-2-one com a base de clientes fazem toda a diferença.

Os períodos de confinamento recentemente vividos aumentaram a necessidade de comunicar novos serviços, novas formas de estar, novos posicionamentos, adaptados às novas necessidades de todos. Assim foi o caso do sector da restauração. Mas essas mudanças não acontecem sem uma estratégia de comunicação e respetivas ações junto do mercado. Quem achou que poderia dispensar a comunicação nesta fase cometeu um erro de proporções bíblicas.

Por outro lado, alguns líderes abraçaram a mudança de forma realmente eficaz. Apostaram em todos os canais de comunicação e publicidade que puderam; reforçaram e melhoraram a forma como “falam” com os seus clientes e garantiram, não só que se mantinham a funcionar, mas também novas formas de desenvolver e reinventar o seu negócio. Até no caso dos festivais de música, que infelizmente foram forçados a adiar os seus espetáculos e concertos, muitos dos promotores foram assertivos na forma como comunicaram noticias menos felizes.

A promoção do negócio em tempos de maior lentidão, apoiada, por sua vez, numa atualização do plano de negócios, revelou-se uma das melhores oportunidades para inovar e desafiar a concorrência. Não é uma coincidência que desde há um ano a esta data o nosso tecido económico esteja em permanente reconfiguração, por onde alguns veem os problemas mais como oportunidades e outros como meras ameaças.

Mas seja qual for a escolha que cada um de nós hoje faz, o novo mercado continuará a sublinhar pelo menos uma realidade: quem não comunica… desaparece.