O líder da oposição e candidato presidencial derrotado Raila Odinga está a preparar um apelo para o Supremo Tribunal do Quénia através do qual pretende contestar os resultados oficiais das eleições presidenciais de semana passada – que determinaram, segundo o Conselho Eleitoral, a vitória do ainda vice-presidente William Ruto.
Os primeiros comentários de Odinga sobre os resultados e a sua decisão de avançar para a contestação surgem num quadro em que quatro dos sete comissários eleitorais afirmaram opor-se à contagem oficial, que determinou a vitória de Ruto com 50,49%.
“Opaca” foi o adjetivo usado para caraterizar a contagem. “A nossa opinião é que os números anunciados pelo presidente da comissão eleitoral Wafula] Chebukati são nulos e devem ser anulados pelo Tribunal”, disse Odinga, citado pela comunicação social.
“O que vimos foi uma farsa e um flagrante desrespeito à Constituição e às leis do Quénia”, disse, para avançar que “iremos à procura de todas as opções constitucionais e legais disponíveis” para sustentar a sua oposição.
Chebukati declarou o atual vice-presidente William Ruto o vencedor com 50,49% dos votos, contra 48,5% de Odinga, que concorria ao lugar pela quinta vez.
Recorde-se que a vice-presidente da Comissão Eleitoral Juliana Cherera disse no início da semana ela própria e três outros comissários não se reviam nos resultados oficias, o que de imediato levou os analistas a concluir que a oposição certamente não deixaria de levar o caso ao Supremo.
Cherera chegou mesmo a acusar Chebukati de não querer ouvir as questões levantadas no que referia à contagem final, num quadro em que, disse também, as eleições foram realizadas de forma correta – como indicaram, aliás, várias organizações independentes que seguiram o processo.
Os jornais quenianos relataram a ocorrência de protestos violentos na noite de segunda-feira, logo depois do anúncio oficial dos resultados, embora a situação estivesse calma na terça-feira. Raila Odinga pediu aos seus apoiantes que se abstenham de quaisquer atos de violência: “Que ninguém tome a lei nas suas próprias mãos”.
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