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“Quero a CNN bem longe de aqui”. Depois de Trump, Maduro declara guerra aberta ao canal de TV

O repúdio do presidente venezuelano à CNN terá aumentado depois de esta ter noticiado que foi necessário a denúncia em televisão para o Governo de Maduro atuar na resolução de problemas que assolam o país.
13 Fevereiro 2017, 13h59

“Alguns meios de comunicação, como a CNN, trataram de manipular (a realidade), mas não podem manipular, é um assunto nosso”. A frase sem o devido contexto poderia perfeitamente enquadrar-se num dos típicos discursos de Donald Trump. Mas desta vez não foi o líder norte-americano o seu autor. Ao invés disso, coube ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro tecer fortes críticas ao canal televisivo norte-americano, que já foi acusado por Trump de emitir “notícias falsas”.

“A CNN que não meta o nariz na Venezuela, (…) quero a CNN bem longe de aqui, CNN fora da Venezuela”, afirmou Nicolás Maduro este domingo, no programa radiofónico e televisivo “Em Contacto com Maduro”.

As críticas do presidente venezuelano surgem depois da CNN ter divulgado que terá sido necessário serem reportados os problemas infraestruturais de uma escola pela televisão estatal  para o Governo venezuelano atuar.

A denúncia de alegados problemas de infraestruturas foi feita por uma jovem estudante, que dava conta de que a escola já tinha sido alvo de uma série de assaltos, revelando problemas de segurança crónicos, e  que necessitavam “de uma cantina porque temos 450 estudantes que não têm pequeno-almoço, nem almoço no liceu”. A jovem denunciava ainda que várias crianças desmaiavam por falta de alimentos.

Depois de o assunto ter sido noticiado, a CNN foi até à escola e falou com várias pessoas que descreveram como a intervenção da jovem tinha gerado melhorias nos serviços e nas instalações.

A reportagem não agradou a Nicolás Maduro, que se insurgiu contra o canal televisivo, dizendo que as declarações que arranjaram tinham sido manipuladas e não diziam respeito à verdade.

No seu programa semanal, Nicolás Maduro terá perguntado ao público se se recordavam da rapariga, que “fazendo uso da palavra que o chefe de Estado lhe concedeu”, denunciou a situação da escola. “Agradeço-lhe pela pobre situação que tinha de denunciar. É assim que quero a juventude, que diga a verdade, que saia às ruas, a lutar, crítica, autocrítica, trabalhadora, integrada, revolucionária, bolivariana, para que resolvamos os problemas”, disse.

Ao som da expressão “sape gato” — expressão para recomendar afastar-se de algo que não é bom —, entoada pelo público, o presidente venezuelano exigiu o afastamento do canal da Venezuela: “Quero a CNN fora da Venezuela”.

Segundo a imprensa local, as críticas do presidente à CNN terão subido de tom depois de, na semana passada, o canal norte-americano ter denunciado a existência de uma alegada rede de corrupção, que vendia passaportes venezuelanos a cidadãos de países asiáticos, em troca de elevadas quantias em dólares. Mais uma vez, o Governo de Nicolás Maduro desmente o caso.

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